Por: Jorge Eduardo Magalhães
Anda, enfia logo essa agulha de tricô.
Você sabe que eu odeio essa criança. Bem quem minha mãe me avisou par não me envolver com o Zezão, mas sabe como é, quis contrariar. Nem era apaixonada por ele. Aquele safado me enganou, disse que ia ganhar muito dinheiro, me fez sair da escola, disse que ia me dar uma vida de rainha. Não quero visitar ninguém na cadeia com filho no colo não.
A agulha está desinfetada? Anda logo. Cada vez que sinto essa criança crescer dentro de mim, sinto mais raiva dela só de saber que vai ser filho do Zezão. Só tenho quatorze anos, sou muito nova para ser mãe. A dona Candinha falou que é só enfiar a agulha, furar, que a criança desce na hora.
Enfia logo essa agulha! Odeio essa criança!
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Chocante! Imaginar que tem mulheres que se submetem a isso.
Imaginar que essa realidade não é antiga, mas ainda fantasmagórica em nossa sociedade.