Por: Jorge Eduardo Magalhães
Sabe Marli, sou uma desgraçada, foi o Paulão que desgraçou minha vida. Não sei onde estava com a cabeça quando caí na conversa daquele cafajeste. Adorava seu corpo de anabolizante, suas roupas brancas, seu cabelo alisado a ferro quente, meu coração batia forte. Logo eu que poderia arrumar partido melhor. O filho do seu João da padaria é doido por mim. Adora meus cabelos louros, meus olhinhos verdes.
Não peguei essa barriga por querer, caí na lábia dele, me levou para um barzinho, coisa chique. Me serviu um vinho. Acho que ele colocou alguma coisa na minha bebida. Foi só eu beber que apaguei. Acordei num quarto de motel com ele em cima de mim. Tentei me jogar pela janela e tudo. Agora a barriga está crescendo, estou apertando com cinta para meu pai não perceber. Mas daqui a pouco não vai dar mais para esconder. Não quero nem pensar na reação do meu pai. Ele é conservador, evangélico. Meu Deus! Vai querer que eu me case com o Paulão.
Não Marli, não foi dessa única vez, fui com ele outras vezes para o motel, ele já tinha me feito mal mesmo. Cafajeste! Estou desgraçada!
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Já ouvi muitas histórias assim, sempre se repete. Anos atrás as moças eram ingênuas , hoje é ignorância .