Por: Jorge Eduardo Magalhães
Sabe, doutor, não adianta falar com minha filha que aquele homem está a aprisionando, fazendo perder a sua vida. Está certo que somos pobres, nossa casa é pequena e vivemos aglomerados, mas pelo menos somos livres, aquele homem a tirou de casa ainda adolescente e a colocou confinada naquela casa. Sabemos que sua casa é grande, que tem tudo que ela quer, mas lá ela é prisioneira, não tem liberdade, ele morre de ciúmes dela, deixa-a em casa trancada.
Ela é prisioneira e não se dá conta disso, quando tentamos falar, ela ri, diz que ele a ama, que acha lindo ter ciúmes dela e que ele a tranca para protegê-la. Uma vez, quando ela fez sinal para alguém na janela, deu-lhe uma surra. Já a vi duas vezes com o olho roxo e hematomas pelo corpo. Ela ri, diz que não é nada, que ele a ama e que só estava nervoso.
Só tenho medo de que quando ela se der conta de que perdeu parte da vida confinada naquela casa não seja tarde demais, ele a tirou da nossa casa quando praticamente ainda era uma criança, não conhecia nada da vida. O que eu faço, doutor?
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Caraca!!! Que problema
Muitas mulheres em situação parecida no mundo!
Realidade de tantas mulheres que não conseguem enxergar que aquilo que chamam de amor, na verdade é cilada.