A visita ocorreu duas semanas após uma delegação da Fiocruz ter estado no país africano em uma missão de prospecção do Ministério da Saúde (MS) brasileiro. Foto Peter Ilicciev

Angola e Fiocruz fortalecem cooperação na área de ensino

Rio/Luanda – Em mais um passo na história de parceria entre Angola e a Fiocruz, a Fundação recebeu, nessa segunda-feira (27/11), uma comitiva do Ministério da Saúde angolano para dar seguimento ao planejamento das ações de cooperação entre as instituições, com foco na formação e na capacitação de profissionais de saúde. A visita ocorreu duas semanas após uma delegação da Fiocruz ter estado no país africano em uma missão de prospecção do Ministério da Saúde (MS) brasileiro. As viagens são fruto de um acordo firmado este ano entre os dois governos com objetivo de modernizar e ampliar o alcance dos recursos humanos, materiais e de infraestrutura envolvidos na assistência médica nos dois países.

A comitiva de Angola em missão no Brasil, liderada pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, já havia ido a Brasília, São Paulo e Florianópolis. A Fiocruz recebeu parte do grupo: o médico e professor da Universidade Agostinho Neto, Job Monteiro António; o presidente do Conselho Nacional de Técnicos de Diagnóstico e Terapêutico, António Júlio Gomes; e o médico da Clínica Girassol, Eugénio Albano. Eles se reuniram com representantes de unidades da Fiocruz na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), onde foi possível debater as demandas do governo angolano diante da capacidade e possibilidades da Fundação.

Ações de cooperação bilateral

Ficou acordado que as prioridades serão enviadas pela comitiva para dar prosseguimento ao planejamento das ações de cooperação bilateral. Esse processo se dará nos próximos seis meses. “A critério das prioridades de vocês, vamos coordenando a cooperação e estamos à disposição para dar seguimento a esse movimento de fortalecimento da nossa cooperação”, disse a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), Cristiani Machado, que fez uma apresentação da Fundação com foco na área educacional e na cooperação com Angola.

“A Fiocruz têm sido um parceiro importante na formação de profissionais angolanos; temos uma cooperação bastante antiga”, disse Job Monteiro António. “O que se espera agora é, junto ao MS, reforçar a formação, do ponto de vista das especializações, como as residências médicas, e da capacitação de profissionais angolanos. Gostaríamos que esse processo fosse bipartite, que angolanos venham para cá e que brasileiros também fossem a Angola capacitar nossos profissionais, fazer estágios complementares e conhecerem outra realidade”.

Segundo a assessora do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/ Fiocruz) que integrou a comitiva da Fundação à Angola em novembro, Erica Kastrup, algumas demandas do governo angolano vão para a fase de planejamento, como a oferta de vagas para os programas de residência da Fiocruz. Já está em andamento um processo de planejamento da cooperação no desenvolvimento institucional dos institutos nacionais de saúde angolanos – um aspecto importante da cooperação estruturante, uma parceria no processo de fortalecimento de instituições de ensino e pesquisa em saúde e de apoio na área de entomologia.

Durante a visita à Fiocruz, o grupo também participou do lançamento do Observatório dos Técnicos em Saúde, na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/ Fiocruz), visitou o Hospital do Instituto Nacional de Infectologia (INI/ Fiocruz) e o Castelo Mourisco.

Comissão mista Angola-Brasil

No contexto de uma volta do Brasil à política externa ativa, foi realizada a 7ª Reunião da Comissão Mista Angola-Brasil, em abril, articulada pelos ministérios das Relações Exteriores dos dois países para retomar a cooperação entre eles. Na ocasião, a ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade Lima, assinou um Memorando de Entendimento com o ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, para atender, entre outros aspectos, a uma demanda deles de formação em grande escala de profissionais de saúde, explicou Kastrup.

Em agosto, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve em Angola. A ministra Nísia Trindade esteve em sua comitiva – que contou com a Fiocruz – e se encontrou com a angolana, Silvia Lutucuta, quando se discutiu a cooperação na área da saúde. Em novembro, como um desdobramento, houve uma missão de prospecção à Angola do MS e da Agência Brasileira de Cooperação, com a participação de diversas instituições do Governo Federal que pudessem responder a essa demanda, num processo de fortalecimento da cooperação Sul-Sul global. O Cris/ Fiocruz, a Vpeic/Fiocruz e a Ensp/Fiocruz integraram a comitiva e apresentaram a capacidade da Fiocruz de formação de recursos humanos para o Sistema Único de Saúde.

Essa cooperação será planejada em um momento de investimentos do governo angolano em infraestrutura, principalmente no setor hospitalar. “Essa cooperação é estratégica para suprir um déficit profissional na atenção profissionalizada de Angola, mas também foi colocada a demanda por formação em diversas áreas da formação de recursos humanos, como de nível técnico”, completou Kastrup.

Entre as parcerias já existentes entre a Fiocruz e o governo de Angola, destaca-se a inauguração do terceiro Banco de Leite Humano (Instituto Fernandes Figueira, IFF/Fiocruz) no continente africano, na Maternidade Lucrécia Paim, em 2019, e o primeiro mestrado em Saúde Pública de Angola, em parceria com a Ensp/Fiocruz, em 2012.

Com assessoria

Wagner Sales – Editor de Conteúdo

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