Luana (AO) – Começa nesta segunda-feira, a campanha de vacinação contra a cólera promovida pelo Ministério da Saúde de Angola. Segundo a ministra Silvia Lutucuta, “as 948.466 (novecentas e quarenta e oito mil quatrocentas e sessenta e seis) doses de vacinas que a OMS (Organização Mundial da Saúde) disponibilizou para Angola no dia 20 de Janeiro último são insuficientes para atender as oitos províncias afectadas pelo surto da doença.
Até agora, foram registados 1584 casos com 59 mortes. Neste primeiro momento serão atendidas apenas as populações das províncias mais afectadas como Luanda, Bengo e Icolo-e-Bengo, e os profissionais de saúde envolvidos no combate à doença.
“Queremos aqui repetir que o stock mundial de vacinas contra a cólera é apenas de 8 milhões de doses e para Angola foi disponibilizado menos de um milhão de doses. O país recebeu no dia 20 de Janeiro apenas 948.466 doses de vacinas. Em consequência, as comunidades a vacinar foram selecionadas com base nos critérios epidemiológicos atrás mencionados. Queria também aqui dizer que, para além das populações nestas comunidades mais afectadas, também vamos vacinar o pessoal ou os profissionais que trabalham na linha da frente”, disse a Ministra da Saúde, Silvia Lutucuta durante entrevista coletiva.
Administração oral
A vacina a ser usada na campanha é a comercialmente designada por Eurovixol, de administração oral. “E foi pré-qualificada pela Organização Mundial da Saúde em 2015. É fornecida em frascos para ser administrada em indivíduos com idades igual ou superior a um ano em dose única”, explicou Lutucuta.
Apesar do estoque reduzido da vacina contra a cólera disponibilizado pela OMS, a ministra espera que a campanha atinja uma cobertura de 60 a 80%. “Existem evidências de que a vacina em uma dose é eficaz nas áreas com surtos de cólera. Ela permite garantir a proteção da comunidade afectada e consequentemente a interrupção da transmissão da doença. A vacina será implementada ao mesmo tempo em que estão a ser implementadas medidas, principalmente as medidas de higiene, saneamento, distribuição de água potável, comunicação de risco e engajamento comunitário”.
Durante a campanha, serão empregadas 6.104 pessoas, entre vacinadores, mobilizadores, registadores, supervisores e pessoal local, incluindo efectivos dos órgãos de defesa e segurança. “Pedimos a serenidade e compreensão de todos os cidadãos do nosso país, no sentido de evitar interferências nos municípios onde decorrerá a campanha de vacinação”, apelou a ministra.
Silvia Lutucuta pediu também a população que se dirija aos centros de vacinação e coopere com as equipas nos seus bairros, comunas e municípios “para juntos vencermos a cólera. A cólera deve ser combatida por todos nós”, sublinhou.
OMS e UNICEF em Angola
A conferência de imprensa sobre o anúncio da campanha de vacinação contou com a presença de integrantes da OMS e da UNICEF em Angola. Dr. Zabuloni Yoty, representante da OMS (Organização Mundial da Saúde) em Angola, destacou que as mulheres e crianças em áreas de risco serão o foco das equipas de vacinação. “As vacinas são seguras, efetivas e serão usadas para todos que se encontram nas áreas prioritárias, incluindo as mulheres grávidas e crianças. A OMS não recomenda que a vacina seja usada para toda a população, mas sobretudo para as áreas prioritárias, onde a população esteja a ser afectada”
“Permitam-me aqui apelar a toda a população em zonas afectadas no sentido de acorrerem amanhã (segunda-feira, 03) nos centros e locais de vacinação”, aconselhou o representante da OMS em Angola.
Por sua vez, o representante da UNICEF em Angola, Engenheiro António Pina, garantiu que “a vacina que foi adquirida através dos nossos serviços de cooperação é uma vacina de qualidade, assegurada pela OMS e pensamos que vai servir para dar uma resposta muito boa aqui em Angola. Essa vacina já foi testada em muitos países e acreditamos que vai dar bons resultados.”
Desde a primeira semana de Janeiro, Angola enfrenta um surto de cólera. Os dois primeiros casos foram registados no primeiro dia deste ano no bairro Paraíso, município de Cacuaco, província de Luanda. A doença se espalhou por oito províncias: Luanda, Bengo, Icolo-e-Bengo, Malanje, Huambo, Kwanza-Norte, Huíla e Zaire.
Com informações de Geraldo José Letras (Correspondente em Angola)
Wagner Sales – Editor de conteúdo