Aprender a aprender

A vivência nesse mundo é, sem dúvida, um processo de aprender a aprender. Tive um grande amigo que me ensinou muito nesse caminho: o saudoso professor Zito, cujo nome verdadeiro era José Geraldo Evangelista. Ele era uma alma iluminada, sempre com um sorriso no rosto e uma sabedoria a ser compartilhada.Quando me casei, fui morar no edifício Guaypacaré, na cidade de Lorena. Eu era um jovem professor, cheio de sonhos e esperanças, e logo pela manhã, antes de me dirigir à escola, corria até a padaria São José, que ficava próxima de casa. Era lá que eu frequentemente encontrava o professor Zito. Ele sempre me cumprimentava com um caloroso “Bom dia, caro amigo professor!” E, com um brilho nos olhos, dizia: “Professor, tem vida mansa!”. Certa vez, ele me convidou para ir em sua casa, fazíamos parte do IEV Instituto de Estudos Vale Paraibano, não poderia imaginar o quanto aquela conversa mudaria minha perspectiva. Sentados à mesa, começamos a falar sobre história e a compartilhar casos que nos faziam rir e refletir. Entre uma história e outra, degustamos uma bela cachaça, que parecia dar vida a nossas memórias e pensamentos. O professor Zito me contou sobre o cemitério que ficava em frente à Matriz. Ele explicou que, embora não estivesse hoje no lugar em que se encontra, devido à urbanização e passado por transformações. Existiam, na realidade, três cemitérios distintos naquela área: o dos católicos, o dos escravos e o dos protestantes, que foi instalado em 1860. Ele, com seu conhecimento vasto, me fez imaginar que o cemitério de negros poderia estar onde hoje se encontra no lado da Câmara Municipal de Lorena, um detalhe que eu nunca havia considerado. Conversar com o professor Zito era como abrir um livro de história que eu não sabia que precisava ler. Ele tinha uma forma única de entrelaçar fatos e arquivos, tornando a história viva e relevante. Aquelas conversas não eram apenas sobre o passado, mas sobre como entendermos a vida no presente. Com ele, aprendi que a educação vai além das salas de aula; é uma troca contínua de experiências, um exercício de curiosidade e respeito pelo que nos cerca. Ter um amigo como o professor Zito era, na verdade, entender a vida , valorizando cada aprendizado que ela traz. E assim, ao refletir sobre aquelas manhãs na padaria e as tardes na casa do professor, percebo que a verdadeira sabedoria está em nunca parar de aprender. A vida é um ciclo constante de descobertas, e cada amizade, cada conversa, cada história contada é um passo a mais nessa jornada de aprendizado. Aprender a aprender, como me ensinou o professor Zito, é o maior legado que podemos deixar e levar conosco.

Denílson Costa

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