Nove em cada 10 pessoas na Faixa de Gaza foram deslocadas internamente pelo menos uma vez, e em alguns casos, até 10 vezes, desde outubro. Foto: UNRWA.

Bombardeios das forças israelenses não cessam em Gaza

Rio de Janeiro (RJ) – O chefe de gabinete do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, no Território Palestino Ocupado alertou que as novas ordens de retirada podem ter afetado pelo menos 250 mil pessoas.

Andrea De Domenico destacou que os ataques das forças israelenses continuam, com bombardeios aéreos, terrestres e marítimos em toda a Faixa de Gaza. Isso resulta em vítimas civis, deslocamento e destruição de estruturas residenciais e infraestrutura civil.

Deslocadas internamente

Ao falar a jornalistas, direto de Jerusalém nesta quarta-feira (03/07), De Domenico estimou que nove em cada 10 pessoas na Faixa de Gaza foram deslocadas internamente pelo menos uma vez, e em alguns casos, até 10 vezes, desde outubro. Ele adicionou que, dos cerca de 2,1 milhões de habitantes de Gaza, 1,9 milhão fizeram várias movimentações no enclave.

De acordo com o representante da Ocha, ao se encontrarem em um novo local após várias mudanças do norte para o sul do enclave e depois de volta, seguindo as ordens das Forças de Defesa de Israel, as pessoas ficam desorientadas, sem saber onde encontrar abrigo, serviços básicos, alimentos ou água potável.

De Domenico adicionou que a Faixa de Gaza está completamente dividida em duas partes atualmente, com presença militar bloqueando e dificultando a movimentação dos civis e a capacidade das equipes humanitárias de entregar ajuda.

Ele insistiu que os palestinos em Gaza foram forçados a recomeçar suas vidas repetidas vezes. Para tentar ajudar todos os necessitados, a ONU e seus parceiros têm que redefinir suas operações humanitárias continuamente.

De acordo com o Ocha, entre 1º e 30 de junho, das 115 missões de assistência humanitária planejadas e coordenadas com as autoridades israelenses para o norte de Gaza, apenas 46% foram facilitadas. Mais da metade foram impedidas, negadas ou canceladas devido a razões logísticas, operacionais ou de segurança. Além disso, das 299 missões de assistência humanitária coordenadas para áreas no sul de Gaza, 28,8% também foram impedidas.

A Unrwa informou que pilhas de lixo e esgoto continuam a se acumular em Gaza, apodrecendo no calor próximo aos locais de deslocamento.  O calor extremo e a falta de água potável continuam a alimentar a disseminação de doenças infecciosas, exacerbando a carga sobre instalações de saúde já sobrecarregadas e com recursos extremamente insuficientes.

Hospital vazio

Sobre a condição do setor de saúde, o chefe da Organização Mundial da Saúde, OMS, afirmou em sua rede social que o Hospital Europeu de Gaza está completamente vazio. Os 320 pacientes e toda a equipe médica foram movimentados, seguindo as ordens de evacuação em Khan Younis, nas proximidades do hospital.

Segundo Tedros Ghebreyesus, a OMS está planejando remover os equipamentos restantes o mais rápido possível. Ele afirmou que é terrível ver o local com capacidade para 650 leitos fora de serviço em um momento em que o acesso à assistência médica é urgentemente necessário.

A maioria dos pacientes foi encaminhada para o Nasser Medical Complex, que agora está em sua capacidade total, com mais de 350 pacientes internados. O hospital tem uma escassez de suprimentos médicos e medicamentos para cirurgia.

Para Tedros, o Hospital Europeu, que é uma das maiores instalações de saúde de referência do sul, deve ser protegido e entrar em funcionamento imediatamente. “Gaza não pode se dar ao luxo de perder mais hospitais”, ressaltou.

Segundo a Unrwa, a deterioração da situação da lei e da ordem está impedindo que os agentes humanitários coletem ajuda na passagem de Kerem Shalom para distribuição em Gaza. Isso se soma aos desafios operacionais existentes, como insegurança, infraestrutura danificada, falta de combustível e acesso restrito.

O Conselho Norueguês de Refugiados informou que os alimentos no mercado são, em grande parte, inacessíveis para as famílias vulneráveis, muitas das quais perderam sua renda ou esgotaram suas economias.

Em 1º de julho, o número total de funcionários da Unrwa mortos desde 7 de outubro era de 193. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 37,9 mil palestinos foram mortos na Faixa de Gaza desde 7 de outubro. Outros 87.060 palestinos foram registrados como feridos.

 

 

Com informações de ONU News

 

Wagner Sales – Editor de conteúdo

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