Em Poltava, uma cidade no centro da Ucrânia, o pessoal do serviço de emergência trabalha para apagar os destroços que ficaram em chamas após um ataque. Foto: Unicef/Oleksii Filippov.

Ataques pesados e sucessivos da Rússia agravam danos civis na Ucrânia

Genebra (CH) – O aumento dos ataques das forças armadas russas durante março, abril e maio causou extensas baixas civis e danos significativos a propriedades e infraestruturas na Ucrânia, de acordo com um novo relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

O documento, elaborado pela Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos das Nações Unidas na Ucrânia, detalha a situação dos direitos humanos entre primeiro de março e 31 de maio de 2024.

Poderosas bombas

Entre as principais razões para os extensos danos civis, a missão identificou o uso de poderosas bombas e mísseis lançados pelo ar em áreas povoadas e pelo menos cinco casos de ataques sucessivos no mesmo local em um curto intervalo de tempo, que causaram inúmeras baixas entre os socorristas.

Segundo a missão, os novos ataques em larga escala das forças armadas russas contra infraestruturas energéticas críticas a partir de março tiveram grande impacto nos direitos humanos.

Durante o período do relatório, as Forças Armadas russas lançaram sua maior campanha de ataques contra infraestruturas energéticas críticas desde o inverno de 2022-2023, matando e ferindo civis e afetando milhões de pessoas em todo o país.

Outro ponto mencionado é a ofensiva terrestre na região de Kharkiv em maio e outros desenvolvimentos em território ocupado e nas áreas controladas pelo governo da Ucrânia.

A chefe da missão, Danielle Bell, disse que maio teve “o maior número mensal de vítimas civis em quase um ano”.

De acordo com ela, os combates nesta primavera tiveram um “preço terrível” para os civis, particularmente na região e cidade de Kharkiv. Danielle Bell destacou que “os ataques implacáveis resultaram em trágica perda de vidas, deslocamento e destruição de casas e empresas”.

Cortes de energia

A chefe da missão afirmou que “cinco ondas de ataques contra a infraestrutura de energia resultaram em vítimas civis e cortes significativos de energia para milhões de pessoas em todo o país, com efeitos em cascata no fornecimento de água, conectividade móvel e de internet e transporte público”.

A especialista acrescentou que o impacto total destes ataques “só ficará claro no próximo inverno, quando a reduzida capacidade de geração de energia da Ucrânia poderá deixar muitos sem acesso a aquecimento e outros serviços necessários para sua sobrevivência”.

Em território controlado pelo Governo da Ucrânia, a missão documentou processos contínuos contra pessoas acusadas de “atividades de colaboração” por ações que, em princípio, poderiam ser legalmente obrigadas pela potência ocupante.

No entanto, durante o período abrangido pelo relatório, o grupo de investigadores avaliou que o governo ucraniano tomou medidas para melhorar o cumprimento dos direitos humanos internacionais e do direito humanitário a este respeito.

No território ocupado, os moradores enfrentaram mais pressão das autoridades ocupantes para obter a cidadania russa, necessária para acessar serviços médicos e manter direitos de propriedade.

Familiares de prisioneiros de guerra ucranianos e detidos civis descreveram para a missão a ansiedade e o sofrimento causados pela falta de informações sobre seus entes queridos. O relatório será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos no dia 9 de julho, às 10h, no horário de Genebra.

 

Com informações de ONU News

Wagner Sales – Editor de conteúdo

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