Aulas em Angola. Foto Acnur/ Otomola Akindipe

Ativistas afirmam que Declaração Universal dos Direitos Humanos está enterrada em Angola

Luanda – O crescimento da desigualdade, do autoritarismo, das alterações climáticas, dos conflitos armados, da pobreza e da fome estão a ameaçar a Declaração Universal dos Direitos Humanos no mundo, afirmou o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, neste domingo (10/12), data que assinala o 75° aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O crescimento da desigualdade, do autoritarismo, das alterações climáticas, dos conflitos armados, da pobreza e da fome representam para os direitos e as liberdades da população mundial uma ameaça à Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Para António Guterres “o mundo está a perder o rumo”, porque “os conflitos estão a espalhar-se com virulência. A pobreza e a fome estão a aumentar. As desigualdades estão a tornar-se mais profundas, as alterações climáticas tornaram-se uma crise humanitária, o autoritarismo está a aumentar, o espaço civil está a diminuir, os meios de comunicação estão sitiados, a igualdade de género é um sonho distante e os direitos reprodutivos das mulheres estão a retroceder”.

Crises já identificadas

O secretário-geral da ONU que lamenta o cenário mundial declara que todas as crises já identificadas ameaçam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Se para o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a Declaração Universal dos Direitos Humanos no mundo está ameaçada, em Angola, “já está morta e enterrada”, dizem ativistas políticos e cívicos angolanos em declarações ao correspondente do Polo de Notícias no país.

“A imprensa pública – TPA, ANGOP, RNA, Jornal de Angola -, os órgãos de defesa nacional e segurança pública – FAA, Polícia Nacional, SIC e outros ligados ao Ministério do Interior -, os órgãos e administradores da justiça – Tribunal Constitucional, Tribunal Supremo -, todas as demais instituições públicas do país estão ao serviço do MPLA e do seu lider, João Lourenço, que desde que sucedeu a José Eduardo dos Santos no poder retrocedeu o crescimento da economia, acorrentou todos os órgãos de comunicação social, piorou a qualidade de vida da população que hoje comem nos contentores, enquanto outros lutam todos os dias para sobreviver a subida do preço de bens e serviços ao silêncio do Presidente da República que é quem mais desgraça o país e os angolanos com as suas viagens que não trazem soluções a curto e médio prazos, nem permitem vislumbrar um futuro”, afirmam opositores de JLA, que preferem não se identificar em razão de possíveis represálias.

Mente Pensador, por exemplo, olha com tristeza para o modo de atuação da Polícia Nacional ao lembrar da detenção dos ativistas Tanaice Neutro, Gildo das Ruas e Adolfo Campos, no dia 16 de Setembro deste ano e condenados pelo Tribunal Provincial de Luanda no dia 19 do mesmo mês a uma pena efetiva de dois anos e cinco meses na sequência de uma tentativa de protesto contra as restrições da circulação dos mototaxistas, na província de Luanda. Eles foram acusados, posteriormente, pelos crimes de injúria e ultraje ao Presidente da República, no momento da actividade, como uma das provas de que em Angola, “o MPLA e João Lourenço mataram a Declaração Universal dos Direitos Humanos há muito tempo sob o olhar hipócrita do ocidente”.

Sob lema “Todos os seres humanos nascem livres e iguais na sua dignidade e direitos” a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos a 10 de dezembro de 1948, três anos após a devastação provocada pela Segunda Guerra Mundial.

Com Geraldo José Letras (correspondente em Angola)

Wagner Sales – Editor de conteúdo

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