A educação sobre os oceanos passará a fazer parte do currículo escolar no Brasil. Um documento, assinado na quarta-feira (09/04), em Brasília, torna o país pioneiro na decisão, segundo a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.
A medida demonstra o compromisso brasileiro com o tema. O chamado currículo azul será integrado às escolas de todo o país e adaptado às realidades regionais e locais. Ao assinar o Protocolo de Intenções para que a cultura oceânica seja matéria escolar, o Brasil assume um protagonismo internacional no tema, segundo a agência da ONU.
Década do Oceano
A iniciativa está alinhada à recomendação da diretora-geral da agência, Audrey Azoulay, para que todos os Estados-membros insiram, até este ano, a cultura oceânica nas escolas.
O objetivo é uma visão holística do oceano como regulador climático, fonte essencial de vida e catalisador de soluções sustentáveis. Com o oceano consegue-se erradicar a pobreza, promover saúde, cultura, economia, inovação tecnológica e a justiça ambiental.
O copresidente do grupo de especialistas em Cultura Oceânica da Unesco, Ronaldo Christofoletti, disse que o currículo azul “nasce da escuta ativa e plural da sociedade brasileira”.
Já o professor da Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, ressalta que esse passo dá “vida a um desejo coletivo de formar cidadãos que compreendam a importância do oceano para o Brasil e para a resiliência climática global de um país que sempre foi ligado ao mar.
Para a Unesco, a iniciativa coloca o Brasil na linha de frente da preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP30, marcada para novembro, em Belém, no Pará. O evento ocorre durante a Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável 2021-2030.
A ação inédita é resultado da colaboração estratégica entre o Ministério da Educação, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Unesco, universidades federais, administrações locais e redes escolares.
Outras iniciativas
A ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, explicou que o Ministério tem liderado ações estruturantes em cultura oceânica, como o fortalecimento do Programa Escola Azul, que já mobiliza mais de 100 mil estudantes em todas as regiões do país, a criação de clubes de ciência, a formação de jovens embaixadores do oceano, a expansão internacional da Olimpíada do Oceano, e a articulação de uma rede de universidades comprometidas com a formação de professores.
A encarregada sênior de Programas da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco, Francesca Santoro, afirmou que “o Brasil é hoje uma referência global em educação oceânica, e que o currículo azul mostra que é possível transformar conhecimento científico em políticas públicas concretas, com a participação de educadores, estudantes e comunidades”.
Evento internacional
A cultura oceânica representa uma compreensão abrangente dos mares como elemento fundamental para o clima, a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável global.
No Brasil, essa visão ganhou força e o grande marco inicial ocorreu em Santos, São Paulo, que aprovou a Lei Municipal nº 3.935, de 2021, estabelecendo a cultura oceânica como política pública educacional obrigatória em escolas municipais, desde a educação infantil até a de jovens e adultos.
Reconhecendo esse pioneirismo, a Unesco escolheu Santos para sediar um evento internacional sobre cultura oceânica, colocando o Brasil no mapa global dessa importante temática.
Desde então, o movimento ganhou escala nacional: hoje, mais de 100 mil alunos participam ativamente do programa Escola Azul, e 20 municípios e quatro estados brasileiros já integraram formalmente a cultura oceânica em seus currículos escolares, adaptando conteúdos às diferentes realidades locais e regionais.
Com informações de ONU News
Wagner Sales – Editor de conteúdo