Segundo o porta-voz da ONU, a expectativa é que o período possibilite as equipes a alcançar as pessoas que precisam. Foto: UNICEF/Eyad El Baba

Caminhões com ajuda humanitária entram em Gaza com a pausa nos combates

Cairo – Com o início da pausa de quatro dias nos combates, caminhões com suprimentos de ajuda estão entrando em Gaza pela passagem de Rafah, enviados do Egito, nesta sexta-feira (24/11). Os trabalhadores humanitários da ONU reforçam o apelo para que todas as partes do enclave possam ser acessados.

Segundo dados, a violência já deixou cerca de 15 mil mortos em Gaza e muitas das pessoas deslocadas estão dormindo nas ruas. O porta-voz do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, Jens Laerke, disse que a esperança em relação ao acordo entre Israel e Hamas é “que a pausa seja respeitada”.

O porta-voz adiciona que a expectativa é que o período possibilite as equipes a alcançar as pessoas que precisam e que “se estenda para uma verdadeira cessação humanitária a longo prazo”.

Libertação dos reféns

O acordo, facilitado pelo Egito, Catar e Estados Unidos, prevê a libertação dos reféns levados durante o ataque do Hamas em Israel em 7 de outubro, bem como de detentos palestinos de prisões israelenses. O Ocha considera a “situação volátil e intensa” que se desenrola nas primeiras horas da trégua, destacando que o processo de socorro é longo e boa parte está além do controle da ONU e diz respeito à verificação dos comboios.

A agência destacou a necessidade de acesso ao norte de Gaza “onde os danos e as necessidades humanitárias são maiores” e que tem sido há muito tempo isolado do recebimento de ajuda por operações militares israelenses.

Com esperanças de que a pausa se estenda para uma cessação contínua, o porta-voz da Organização Mundial da Saúde, Christian Lindmeier, enfatizou a situação de pacientes e trabalhadores da saúde nos hospitais do norte de Gaza. Ele disse que há planejamento e esforço para retiradas adicionais, principalmente dos hospitais Indonésia e Al-Ahli.

Na quarta-feira, agências da ONU e a Sociedade do Crescente Vermelho da Palestina, retiraram 151 feridos e doentes, seus familiares e trabalhadores médicos do hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza. Eles foram transportados em um comboio de ambulâncias e ônibus para o sul. Lindmeier disse que a OMS está “extremamente preocupada com a segurança dos aproximadamente 100 pacientes e trabalhadores da saúde” remanescentes no hospital.

De 24 hospitais em operação no Norte antes da guerra, 22 estão fora de serviço ou incapazes de admitir novos pacientes, enquanto dos 11 estabelecimentos médicos no Sul, oito estão funcionais. A OMS disse que, desses, apenas um tem capacidade para tratar casos críticos de trauma ou realizar cirurgias complexas.

Aumento nos bombardeios e confrontos

Antes do início da trégua, o Ocha observou um aumento nos bombardeios e confrontos, afirmando que os ataques israelenses se intensificaram em grande parte de Gaza. O escritório da ONU também reportou batalhas terrestres com grupos armados palestinos no Norte, em particular em Jabalia.

Com o número de mortes no enclave ultrapassando 14,8 mil até a noite de quinta-feira, segundo as autoridades de Gaza, citado pelo Ocha, estima-se que milhares de pessoas estejam presas sob os escombros de suas casas. Jens Laerke insistiu que é necessário mais combustível na Faixa de Gaza para “operar máquinas para retirar pessoas dos escombros”.

O Ocha informou que 75 mil litros de combustível entraram em Gaza do Egito na quinta-feira, seguindo uma decisão de Israel de 18 de novembro de “permitir a entrada diária de pequenas quantidades de combustível para operações humanitárias essenciais”. O Escritório da ONU disse na semana passada que eram necessários cerca de 200 mil litros de combustível por dia.

Estima-se que mais de 1,7 milhão de pessoas em Gaza estejam deslocadas internamente e cerca de 1 milhão delas estejam em mais de 150 abrigos da Unrwa por toda a Faixa.

Os abrigos no Sul, onde as pessoas foram forçadas a fugir pelas operações militares israelenses, estão além da capacidade. O Ocha disse que a maioria dos homens deslocados e meninos mais velhos está dormindo ao ar livre.

Em comunicado na quinta-feira, o chefe da Unrwa, Philippe Lazzarini, enfatizou que as pessoas em Gaza “merecem dormir sem preocupações se vão passar pela noite” no que considera “o mínimo necessário que qualquer pessoa deveria poder ter”.

 

Com ONU News

Wagner Sales – Editor de Conteúdo

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