A nova solução de reflorestamento não se limita ao lançamento de sementes por drones. Foto: Beth Santos / Prefeitura do Rio.

Capital fluminense ganha drone para o trabalho de reflorestamento

Rio – Drones semeadores começaram a ser utilizados no Rio nos mutirões de reflorestamento. O equipamento foi lançado nesta sexta-feira (5/1), pela prefeitura do Rio, com acompanhamento do prefeito Eduardo Paes e da secretária de Meio Ambiente e Clima, Tainá de Paula, que estiveram na demonstração da aplicação do drone no Mirante do Pedrão, em Botafogo, dentro do Parque Maciço da Preguiça. A adoção da nova tecnologia integra o plano de contingência para amenizar o impacto das ondas de calor para a população. O projeto-piloto desse novo método de trabalho de reflorestamento será na Floresta da Posse, em Campo Grande.

– Com o uso da tecnologia dos drones, vamos conseguir ampliar as áreas verdes da cidade e assim amenizar as fortes ondas de calor, além de deixar o Rio de Janeiro ainda mais bonito – afirmou o prefeito Eduardo Paes.

Velocidade ao reflorestamento

Os drones semeadores são uma aposta para dar velocidade ao reflorestamento no Rio. Na Floresta da Posse, o drone será usado no plantio de espécies nativas locais, usando a tecnologia da startup franco-brasileira Morfo, parceira da Prefeitura do Rio na empreitada. Eles serão utilizados em áreas de difícil acesso, onde os agentes que realizam o mutirão de reflorestamento tradicional têm mais dificuldades para alcançar.

A Morfo dará suporte às equipes de campo do Refloresta Rio, programa de reflorestamento da Prefeitura do Rio para melhorar a capacidade operacional e a velocidade do trabalho de reflorestamento. Uma equipe com duas pessoas e um drone pode replantar 100 vezes mais rápido um campo do que se fossem utilizados os métodos tradicionais. Outras vantagens são a amplitude da biodiversidade de espécies utilizadas e a redução de custos. Numa ação, pode-se contar com pelo menos 20 espécies nativas, a um valor até cinco vezes mais barato, não só pela rapidez de plantio, mas também porque o plantio com sementes evita a implantação de um viveiro e sua manutenção por vários meses.

A nova solução de reflorestamento não se limita ao lançamento de sementes por drones. O trabalho incluirá o monitoramento das áreas reflorestadas, com fornecimento de dados de forma constante, transparente e de visualização simples em um dashboard personalizado. Este acompanhamento com imagens atualizadas por satélites e drones e a análises de dados permitirá que a Prefeitura do Rio possa melhorar os processos de gestão, além de informar sobre cobertura vegetal, biodiversidade e estoque de carbono nos espaços reflorestados.

– Com o drone, nós assumimos uma responsabilidade por mais áreas verdes. Mas também iniciamos um processo usando inteligência artificial de acompanhamento e de monitoramento de nossas mudas e sementes. Além de acelerar o processo de nossos mutirões de reflorestamento – explicou a secretária de Meio Ambiente e Clima, Tainá de Paula.

– A gente usa o drone para chegar em áreas de difícil acesso para as pessoas. Além disso, ele tem uma utilidade muito grande porque permite ampliar o escopo de reflorestamento. Sendo que o trabalho começa muito antes, com o reconhecimento da área, com a identificação das melhores espécies a serem plantadas naquela região e termina muito depois com o monitoramento de longo prazo justamente daquela área. O drone é a parte central desse trabalho todo – destacou o CEO da Morfo no Brasil, Grégory Maitre.

Mapear a topografia

Tudo começa com o diagnóstico do solo, feito a partir de imagens de satélite e de drone, para mapear a topografia, os recursos hídricos e a cobertura vegetal existente – se é composta de vegetação nativa ou de espécies invasoras, por exemplo. Em laboratório, outras características são analisadas, como a compactação, a umidificação e a composição mineral e orgânica.

– Mesmo se tratando de um único bioma, de acordo com o estado do solo, a área pode ser dividida em subáreas, cada uma recebendo uma preparação diferente, por exemplo – disse Tainá de Paula.

Com o estudo em mãos, a próxima etapa consiste na identificação de, no mínimo, 20 espécies nativas com mais chances de sucesso para aquele solo, incluindo variedades dos três estágios da sucessão ecológica, como plantas rasteiras, arbustos e árvores. Essa seleção também é feita em laboratório, com testes que avaliam a taxa de germinação, as substâncias necessárias para a fixação e crescimento e quais podem ser plantadas in natura e quais vão precisar serem envoltas por uma cápsula nutritiva.

Após essa definição, o plano de plantio é feito por inteligência artificial, que calcula quais sementes serão plantadas em quais áreas, junto com quais espécies, a proporção de sementes de cada uma delas e a quantidade necessária para cada espaço, criando padrões de plantio complexos, a chamada “plantação inteligente”.

A terceira etapa é a dispersão das sementes encapsuladas e in natura de acordo com o plano, feita com uma equipe de duas pessoas e um drone. Uma das vantagens desse método é a facilidade de logística para áreas de difícil acesso, sem a necessidade de deslocamento de uma equipe numerosa, tornando o processo mais seguro para os colaboradores envolvidos. Além disso, o drone tem todo o plano de voo pré-determinado, a fim de garantir o nível máximo de segurança para a equipe.

Como um único drone é capaz de dispersar 180 cápsulas e sementes das múltiplas espécies por minuto, chega a ser até 100 vezes mais rápido do que soluções tradicionais de reflorestamento, reduzindo o tempo de permanência da equipe em locais isolados. O método também dispensa os meses de nutrição em viveiro das mudas, assim como o transporte delas até a região do plantio.

Com as sementes no solo começa a etapa de monitoramento, feito com imagens de satélites e de drones, que utilizam inteligência artificial para estudar a evolução da cobertura vegetal e também da biodiversidade. Essa avaliação também permite detectar imprevistos, como eventos climáticos adversos ou o surgimento de espécies invasoras. Todas essas informações ficarão disponíveis em uma plataforma, à disposição da Secretaria de Meio Ambiente e Clima, para que o trabalho possa ser acompanhado.

 Na Floresta da Posse, a SMAC tem o objetivo de realizar o reflorestamento total da Serra da Posse. Na unidade de conservação de Mata Atlântica, localizada em Campo Grande, serão plantadas 160 mil mudas de árvores. Nos últimos anos, já foram plantadas 62 mil mudas de mais de 100 espécies, ampliando a área de mata para 950 mil metros quadrados, equivalente a 95 campos de futebol. Também serão realizadas ações de recuperação de mananciais e de proteção da fauna e flora nativas.

Desde o início do Refloresta Rio, nos anos 1980, foram reflorestados o equivalente a 3.600 campos de futebol e plantadas mais de 10 milhões de mudas, em mais de 200 comunidades atendidas com serviços ambientais, gerando vários benefícios para a população.

Em 38 anos de vida, o programa de reflorestamento da Prefeitura do Rio teve a participação de mais de 10 mil colaboradores e voluntários, hoje o programa conta com cerca de 470 mutirantes (voluntários com ajuda de custo). Desde 2021, já foram plantadas mais de 368 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica com uma diversidade que já ultrapassou mais de 168 espécies nativas do Bioma. Mais de 60% dos plantios foram realizados na Zona Oeste, principalmente na APA de Inhoaíba, Santa Eugênia e Cantagalo, na ARIE da Serra da Posse e na Serra de Sulacap.

Com informações da assessoria

Wagner Sales – Editor de conteúdo

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