Brasília (BSB) – “A alegria como potência de vida nos leva a lugares onde a tristeza nunca nos levaria”. Com essas palavras, inspiradas no filósofo francês Gilles Deleuze e em diálogo com o cancioneiro de Cartola a partir da música Alvorada (1968), Macaé Evaristo foi empossada ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, em solenidade realizada no Palácio do Planalto, nessa sexta-feira (27), Dia de Cosme e Damião. Em seu discurso, a gestora defendeu o fortalecimento da democracia e a proteção de grupos socialmente vulnerabilizados como forma de superar sistemas de opressão.
Aberta simbolicamente pela escritora e poeta Conceição Evaristo, que disse os poemas “Vozes Mulheres” e “No meio do caminho: deslizantes águas”, a cerimônia sinalizou o que o discurso da nova ministra logo refletiria: a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tendo à sua volta apenas mulheres revelou o compromisso do governo federal com as famílias brasileiras e raízes históricas que as formam.
Chefes de família
Nesse sentido, Macaé Evaristo ressaltou compromisso com a coletividade ao relembrar que a sociedade é formada, em sua maioria, por mulheres negras enquanto chefes de família. “Esse é o maior recorte do nosso país”, afirmou ao refletir sobre a história do país, marcada por periferias, aldeias, quilombos e pessoas em situação de rua entre os mais diversos segmentos sociais para os quais o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) elabora políticas públicas.
Ao afirmar que sua maior credencial ao assumir o cargo é “ser uma pessoa comum”, a professora e educadora Macaé enfatizou a coletividade como vocação do MDHC, destacando valores como a solidariedade, a convivência, a liberdade, o direito à vida, à saúde, à educação e ao trabalho.
A ministra empossada detalhou sobre a importância de humanizar e efetivar os direitos na vida cotidiana das pessoas comuns. Em seu discurso, comprometeu-se a enfrentar as desigualdades combatendo o racismo, a violência contra a mulher, o etarismo e a LGBTQIAfobia. Além disso, afirmou que lutará pela proteção dos direitos de crianças e adolescentes, das pessoas com deficiência e na defesa por um Estado laico que respeite as mais diversas manifestações religiosas.
Os saberes, vivências e experiências da população brasileira também foram destaques no discurso de posse da nova ministra, exaltando a cultura brasileira por meio de nomes referências da música e da literatura nacionais a exemplo de Dona Ivone Lara e Guimarães Rosa. Nesse contexto, Macaé apontou a história do Brasil e da América Latina como herança ancestral e peça fundamental para garantia de direitos, relembrando marcos como o Quilombo dos Palmares e a revolução haitiana.
Pessoas comuns
Com trajetória marcada pela educação inclusiva e defesa das populações vulnerabilizadas, Macaé Evaristo assume a pasta com a missão de transformar políticas em ações concretas. “Falar sobre Direitos Humanos é pensar a partir dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Para nós, Direitos Humanos não é um termo retórico: ele só tem sentido se for materializado na vida cotidiana das pessoas comuns”, reforçou a ministra, sublinhando o compromisso com uma sociedade mais justa.
À frente do MDHC, Evaristo declarou, por fim, que dará continuidade a esse trabalho, enfrentando os desafios de uma sociedade que ainda convive com profundas desigualdades. “A nossa tarefa é dialogar e disputar o próprio sentido dos direitos humanos. Só alcançamos a plenitude como indivíduos na coletividade. E talvez essa seja a maior vocação do Ministério dos Direitos Humanos”,
Ao lado do presidente Lula acompanhado pela primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, formaram o dispositivo oficial as ministras das Mulheres, Cida Gonçalves; da Igualdade Racial, Anielle Franco; do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva; da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck; e da Saúde, Nísia Trindade.
Na plateia, marcaram presença coletivos de luta democrática, representantes do Movimento Negro, educadores, parlamentares, ministros de Estado e demais representantes da sociedade civil.
História do movimento negro
Macaé Evaristo é uma mulher negra, mãe, educadora e ativista com um histórico de luta que se confunde com a própria história do movimento negro e da educação pública no Brasil. Nascida em São Gonçalo do Pará, Minas Gerais, iniciou sua carreira como professora na rede pública e, desde então, dedicou-se à defesa de uma educação que reconhece e valoriza as diferenças culturais e sociais dos estudantes.
Formada também em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), com especialização em Gestão da Educação Pública, Macaé tem uma trajetória marcada pela criação de políticas educacionais que promovem a inclusão e o respeito à diversidade.
Com informações de assessoria
Wagner Sales – Editor de conteúdo