Brasília (BSB) – A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comprou 263 mil toneladas de arroz importado em leilão realizado nesta quinta-feira, (06/06). A medida da empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar vai amenizar os impactos do preço do produto ao consumidor final diante da tragédia climática no Rio Grande Sul, estado responsável por 70% da produção nacional do cereal.
Ao todo, a Conab está autorizada a comprar até 1 milhão de toneladas de arroz, mas os leilões serão realizados de acordo com a necessidade da população. Nesse primeiro edital, que autorizava a compra de 300 mil toneladas, 87,7% do leilão foram arrematados.
O produto será comercializado nas regiões do país com maior índice de insegurança alimentar, em embalagem específica e com valor máximo de R$ 4 o quilo, de forma que o preço final não ultrapasse R$ 20 pelo pacote de cinco quilos.
Regulação dos preços
O presidente da Conab, Edegar Pretto, pontuou a importância da retomada do papel da companhia em garantir o abastecimento e a regulação dos preços dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. “Essa é a importância de se cumprir o dever de garantir o abastecimento, garantir um fácil acesso aos produtos, além de viabilizar economicamente os nossos agricultores e produtores brasileiros. Enquanto houver necessidade de baratear os preços para os consumidores, nós vamos estar realizando os leilões”, destacou.
Segundo Pretto, o objetivo é retomar a política que garanta maior volume de estoque de alimentos, se aproximando dos níveis registrados no passado. “Em 2007, a Conab tinha 2 milhões de toneladas de estoques de arroz em seus armazéns, o que ajuda muito em um momento como esse de oscilação de preço, para garantir dignidade e bom acesso dos consumidores aos alimentos. Se tem estoque público você coloca no mercado e regula preços”, explicou.
Ele reforçou o papel da companhia em atuar diante de situações climáticas extremas pelo país. “A Conab, no ano passado, voltou com a política dos estoques públicos, quando, no Mato Grosso e toda a região do Centro-Oeste, o preço do milho caiu abaixo do mínimo para os produtores. Estavam vendendo milho a R$ 33 e o preço mínimo era R$ 43. Nós compramos 361 mil toneladas de milho e garantimos o estoque que está sendo muito importante agora na seca do Nordeste, assim como vai ser importante para as enchentes no Rio Grande do Sul”, declarou Pretto.
O presidente da Conab citou o Distrito Federal e a região do Entorno como um caso de Unidade da Federação que registrou 100% de aumento no valor do arroz. “Foi por esse motivo que um governo sério precisa agir. Para garantir a soberania alimentar, garantir alimentação adequada, porque isso é muito importante para combater a fome”, defendeu.
O diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sílvio Porto, esclareceu que os preços praticados no leilão estão abaixo da paridade de importação. “Qualquer país, seja do Mercosul ou fora, está abaixo do preço de atacado também, em nível nacional. O preço foi muito ajustado, inclusive até podendo correr risco de não ter êxito no leilão, mas ocorreu o contrário: conseguimos 88% de sucesso de venda dos lotes ofertados”, pontuou o diretor.
Águas nos armazéns
Segundo Edegar Pretto, foi observado prejuízo em parte da produção das lavouras de arroz, em torno de 17%, e os cereais já colhidos foram impactados pelas águas nos armazéns, além de problemas envolvendo logística e disseminação de peças de desinformação que estimularam desnecessariamente os consumidores a estocar pacotes de arroz comprados em supermercados. “Isso impacta negativamente o mercado, porque houve essa incerteza e nós tivemos uma subida grande nos preços. A Associação Brasileira dos Supermercados nos colocou que avalia que em torno de 14% foi a média de subida dos preços do arroz”, frisou.
A modalidade utilizada no leilão permitiu que empresas brasileiras pudessem participar do certame, ficando responsáveis pela importação, desembaraço e nacionalização dos produtos. As empresas brasileiras vão realizar a comprovação da importação, colocando nos armazéns cada lote visando garantir a aceitabilidade dos produtos nos estoques da Conab.
O presidente da Conab acrescentou ainda que está sendo preparado para o anúncio do Plano Safra 2024/2025 um preço mínimo para feijão e arroz. “Será histórico para justamente dar as garantias aos produtores que produzem alimentos de que vai ser um bom negócio no nosso país. Estamos organizando e vamos sugerir ao Governo Federal lançar a modalidade do contrato de opção de venda, com preço mínimo compensador. E também uma garantia de comercialização. Então, nós vamos trabalhar nessa direção de proteger nossos agricultores”, finalizou.
Com informações de assessoria
Wagner Sales – Editor de conteúdo