Luanda – Alegando razões de ligação histórica e não observância de um processo de auscultação geral e inclusivo para a divisão político-administrativa da província do Moxico, as autoridades tradicionais dos povos Luvale, Luchaze, Lunda-Ndembwe, Cokwe, Mbunda e outros naturais da região contestam o nome que vai designar a nova província em 2025 por Cassai-Zambeze.
Para as autoridades tradicionais e naturais do Moxico, o nome proposto para designar a nova província viola “o princípio de ligação histórica entre os povos da região”.
Origem desconhecida
O nome da nova província, Cassai-Zambeze, de acordo com as autoridades tradicionais é de origem desconhecida para os naturais da província que alegam ser de origem da República Democrática do Congo (RDC). O grupo defende que antes da proposta da divisão político-administrativa avançar para apreciação dos deputados à Assembleia Nacional, seja feita a correção nos nomes das duas províncias que Moxico dará origem. Ao invés de “termos a província do Moxico com Luena, como capital, e Cassai-Zambeze, com sede em Kazombo, é necessário a correção para que tenhamos sim duas províncias, mas uma com o nome de Moxico-Leste que terá a capital Kazombo, e a velha seria Moxico-Oeste mantendo Luena como capital”.
O Linguista Africanista e Pesquisador Cultural da região leste do país, Gaio Kakoma, foi uma das vozes que as autoridades tradicionais indicaram para exteriorizar ao Polo de Notícias a contestação popular em volta da Proposta de Divisão Política e Administrativa da província, numa iniciativa do Presidente da República, João Lourenço que persegue o plano de elevar de 18 para 20 o número de províncias, bem como de 164 para 325 o número total de municípios.
Para Nelson Chiteta, igualmente natural da província do Moxico, a proposta peca por “não se consultar a população local na escolha do nome para a nova província, Cassai-Zambeze”.
O nome Moxico, de acordo com as autoridades tradicionais, designa um “cesto feito com capim ou jungo que os pescadores usam como recipiente para carregar peixe”, representando assim um símbolo de união entre as tribos que residem naquela província.
A proposta de alteração da divisão político-administrativa do país para a inclusão de 20 províncias e 325 municípios foi aprovada no dia 22 de Dezembro último em Conselho de Ministros, órgão colegial e de consulta do Presidente da República. O mesmo documento que vai a Assembleia Nacional para apreciação antes da sua implementação em 2025 dá parecer favorável a subdivisão do Kwando-Kubango em duas províncias. O Kwando com sede em Mavinga e o Kubango com sede em Menongue.
Com informações de Geraldo José Letras (Correspondente em Angola)
Wagner Sales – Editor de conteúdo