O deputado e dirigente da UNITA, Alcides Sakala Simões, recusou publicamente a medalha comemorativa dos 50 anos da Independência de Angola, alegando omissões graves no reconhecimento da memória histórica nacional. A decisão foi comunicada numa carta enviada ao Presidente da República, João Lourenço.
Sakala, que preside à Comissão de Relações Internacionais, Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas no Estrangeiro da Assembleia Nacional, agradeceu o gesto institucional, mas deixou claro que nem estará presente na cerimónia nem se fará representar.
“Esta decisão decorre de uma reflexão profunda sobre o momento político e histórico do país e da constatação de que persistem omissões no reconhecimento da memória nacional, nomeadamente a exclusão de Holden Roberto e de Jonas Malheiro Savimbi – dois líderes que desempenharam papéis centrais no processo de luta pela libertação nacional”, justificou o dirigente da UNITA.
O gesto de Sakala reacende o debate sobre a narrativa oficial da independência e da construção do Estado angolano, frequentemente marcada por uma visão monopolizada pelo MPLA. Para o político, a recusa da distinção não representa desrespeito ao país, mas sim um protesto contra a forma como se tem silenciado ou marginalizado figuras incontornáveis da luta anticolonial.
Jonas Savimbi, fundador da UNITA, e Holden Roberto, fundador da FNLA, foram protagonistas da luta armada contra o colonialismo português, ao lado de Agostinho Neto, líder histórico do MPLA. No entanto, ao longo dos anos, os seus nomes têm sido sistematicamente omitidos das comemorações oficiais.
Sakala encerra a sua carta com um apelo à construção de uma memória nacional plural e inclusiva, como base para uma verdadeira reconciliação e unidade nacional.
Com informações de Antonio Mbinga Cunga (Correspondente em Angola)
Wagner Sales – editor de conteúdo
Foto: Redes Sociais