Por: Jorge Eduardo Magalhães
– Você é solteiro, não tem filhos, não me deu netos, não custa nada ajudar seu primo, que está em dificuldades.
– Mas não fui eu quem arrumou filhos, sem nem ter um emprego.
– Você é egoísta, seu dinheiro é só para você. Pega um empréstimo no banco para ajudar seu primo.
– Mas eu já peguei um empréstimo e ele não arranjou emprego nem me pagou.
– Então peça outro – diz a mãe em tom imperativo.
Não sabe por que ainda está ali, morando com a mãe, ouvindo quase todos os dias que não se casara, que tinha quase quarenta anos. Os familiares até questionam a sua sexualidade. Precisa tomar um rumo em sua vida. Mudar-se, por exemplo; não adiantaria, pois todos iriam atrás dele. Deve se casar, mas com quem? A Claudinha, filha da Dona Aurélia lhe dá umas olhadas. Mas tem fama de rodada e já tem um filho.
– Que se dane! Vou falar com ela. Começaremos a namorar e, se der certo, alugo uma casa para viver com ela – pensa decidido.
Enquanto isso não acontece, prepara-se para pegar outro empréstimo.
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Bem realista! Uma prisão emocional.