Paçoca artesanal feita na paulista de Piquete. Foto: Claudio Schapochnik / Que Gostoso

Esmagar com as mãos

Quando criança era uma alegria, a semana santa, a família reunida ao redor do pilão, que saudade a mãe já separava amendoim, açúcar, a farinha e o sal, uma pitadinha de sal que equilibrava o paladar, o pai sempre dizia sal é o tempero da vida!

Socava o amendoim no pilão fazia aquela mistura, até dar o ponto, tudo feito com muito amor!

Era um momento de reflexão e silêncio. A paçoca de amendoim (do tupi po-çoc, “esmigalhar”) é um doce tradicional brasileiro à base de amendoim, farinha de mandioca e açúcar, típico da comida caipira do estado de São Paulo.

É tradicionalmente preparada no Brasil para consumo nas festividades da Semana Santa e festas juninas. O preparo da paçoca para a Semana Santa, vai além da culinária em si, é um ritual cristão de valorização do amor e da harmonia em família. Há também as paçocas industrializadas que são vendidas e consumidas o ano inteiro. Entre estas, existem as chamadas paçoquinhas de amendoim tipo rolha, que são vendidas com a forma cilíndrica das rolhas e com uma cor que também se assemelha de certa forma à destas.

Os moradores dos grandes centros costumam ouvir falar em paçoca só durante as festas juninas. Preparada com amendoim, farinha de mandioca ou de milho, açúcar e sal, é uma guloseima muito consumida neste período, no caso do Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo, onde a paçoca é usada o ano inteiro.

A origem da paçoca remonta (tem origens antigas) ao período do Brasil-Colônia (Época em que foi descoberto o Brasil), mas há relatos de que o hábito de misturar a farinha de mandioca a outros ingredientes era comum entre os nativos da América, bem antes da chegada do colonizador europeu (os portugueses). O costume de fazer paçoca com amendoim chegou ao Brasil através da colonização, mas a mistura da farinha de mandioca com outras sementes, raízes e temperos já era uma prática comum entre os povos indígenas.

A paçoca é um prato comum em diversas regiões do Brasil; a diferença está na maneira de prepará-lo.

Preparada com carne de sol socada no pilão com farinha de mandioca, salgada com carne seca Típica do Vale do Paraíba, região bastante apegada ás tradições católicas, a paçoca recebe banana em vez da carne durante a Quaresma, ganhando uma versão doce, e há gosto para tudo, imaginar que tenho um irmão que gosta de paçoca com torresmo.

Apesar de popular, é difícil encontrar quem faça paçoca à moda antiga, socada no pilão. O preparo envolve uma série de etapas e cuidados: a torra do amendoim, tirar a pele, socar no pilão com muita paciência e energia, peneirar e voltar a amassar…

As pessoas mantiverem a tradição de fazer o jejum da carne durante a Quaresma, em especial, na Semana Santa, a paçoca integrará (vai fazer parte) do cardápio da época. A igreja não diz para as pessoas comerem paçoca, mas o hábito está relacionado com a cultura da alimentação. Tornou-se tradicional substituir a carne pela paçoca. Hoje, isso faz parte da manifestação da religiosidade de muitos brasileiros.

 

Denilson Costa

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One comment

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    Adorei a matéria, muito informativa. Não sabia o valor cultural que a paçoca tinha, deu até vontade de comer 😋

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