O ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Júnior, confirmou nesta quarta-feira (21/05), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, alertou o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a possibilidade de prisão caso ele tentasse se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022. Baptista Júnior depôs como testemunha na ação penal que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado.
Apesar de Freire Gomes ter negado o uso da palavra “prisão” em seu depoimento na segunda-feira (19/05), afirmando ter alertado Bolsonaro sobre as consequências jurídicas, Baptista Júnior manteve sua versão, já relatada à Polícia Federal (PF). “Confirmo, sim senhor. Freire Gomes é uma pessoa polida, educada, não falou com agressividade, ele não faria isso. Mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, calma, mas colocou exatamente isso: ‘Se fizer isso, vou ter que te prender’”, declarou Baptista Júnior.
Reuniões, Minuta Golpista e Marinha
O ex-chefe da FAB também reiterou ter presenciado uma reunião em 14 de novembro de 2022, no Ministério da Defesa, onde o então ministro Paulo Sérgio Nogueira apresentou uma minuta de ato presidencial que impedia a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Baptista Júnior relatou ter se recusado a sequer receber o documento e deixou o encontro, com Freire Gomes também condenando a minuta.
Em outro momento, no entanto, Baptista Júnior confirmou que o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria colocado as tropas da Marinha “à disposição” de Bolsonaro. Questionado pelo ministro Luiz Fux sobre o motivo do fracasso do plano golpista, Baptista Júnior atribuiu à “não participação unânime das Forças Armadas”.
Além disso, ele confirmou que a prisão de autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes, foi discutida nas reuniões. “Isso era um brainstorming das reuniões, isso aconteceu”, assegurou.
Retificação sobre Anderson Torres
Em seu depoimento, Baptista Júnior pediu para retificar uma informação anterior, afirmando não ter mais certeza da participação do ex-ministro da Justiça Anderson Torres em qualquer reunião que tenha tido com Bolsonaro. “Gostaria de fazer essa retificação, acho que em tempo. Eu falei de boa-fé, mas não tenho a certeza da participação de Anderson Torres em alguma reunião”, disse.
Com informações de Agência Brasil
Wagner Sales – editor de conteúdo
Foto: Isac Nóbrega/PR / Carta Capital