Telma contou que a experiência trouxe resultados positivos para os estudantes, que conseguiram alcançar melhores notas na matéria, após participarem da pesquisa. Foto: Div7lgação.

Experimento ajuda alunos com ansiedade matemática

Rio – Muito se fala sobre ansiedade, mas um termo ainda pouco conhecido, no âmbito da educação, é a ansiedade matemática. A condição atinge inúmeros estudantes, provocando impactos negativos na vida acadêmica. A professora Telma Pará, que atua na Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC), explorou o tema em um trabalho do pós-doutorado que realiza na Irlanda, a fim de ajudar os alunos a superarem dificuldades no processo de aprendizagem da matemática. O trabalho resultou em um experimento que ajudou os alunos da Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch (ETEAB), pertencente à fundação, a aumentarem o desempenho nas provas de matemática.
 
A ansiedade matemática é uma dificuldade de aprender a disciplina que vem acompanhada de experiências negativas e frustrações. Em consequência, o aluno pode reagir demonstrando, involuntariamente, sinais de fuga, luta ou congelamento, como a criação de estratégias para não comparecer à aula, por exemplo.
 
Usando a metodologia Pesquisa-Ação Participativa, a professora da Faetec desenvolveu o trabalho “Enfrentando a Ansiedade Matemática: um estudo de caso em uma escola de Ensino Médio no Brasil”, que foi apresentado na conferência “Acessibilidade no Ensino de Matemática” (Sustaining Accessibility in Mathematics), realizada pela Escola de Matemática e Estatística da Faculdade Universitária de Dublin (UCD School of Mathematics and Statistics).
 
Nível de ansiedade nos alunos

Ao longo de 16 encontros, a docente fez uma pesquisa em sala de aula para identificar o nível de ansiedade nos alunos, classificando como ansiedade moderada, alta ou extrema. Após o reconhecimento, ela elaborou recursos que os ajudassem a enfrentar a ansiedade e desenvolver resiliência matemática, que é a capacidade de aprender ainda que haja dificuldade. Tais recursos eram baseados em técnicas de respiração e relaxamento.
 
Telma contou que a experiência trouxe resultados positivos para os estudantes, que conseguiram alcançar melhores notas na matéria, após participarem da pesquisa.
 
“Ao final do experimento, fizemos novamente a medição e houve redução de ansiedade, os alunos relataram que não se sentiam mais amedrontados em sala de aula, que sentiam mais conforto e que as aulas eram tranquilas. Apesar de ainda terem dificuldades, eles conseguiam participar e, inclusive, aos poucos começamos a ter discussões sobre problemas matemáticos em sala de aula, com um grupo ajudando o outro”, declarou.
 
Em junho, a Faculdade de Dublin realizou uma segunda conferência para lançar a Rede de Resiliência Matemática na Irlanda. A Rede pode ser definida como um grupo de professores e pesquisadores de diferentes países, que buscam ajudar aqueles que possuem ansiedade matemática a desenvolverem resiliência neste campo. Esta rede foi estabelecida no Reino Unido e conta com a participação de profissionais do Brasil e África do Sul. A professora da ETEAB participou do evento apresentando o estudo realizado no Brasil acerca do tema.
 
“Eu me sinto muito feliz pela oportunidade de apresentar um trabalho realizado com muito cuidado, introduzindo metodologias inovadoras que podem ter mudado a vida de alguns alunos, seja na escolha de carreira na área de exatas ou na matemática que ele realiza no dia-a-dia”, concluiu a docente.
 
No Brasil, Telma coordena o projeto “O Enfrentamento da Ansiedade Matemática com abordagem STEAM”, lançado pelo edital FAPERJ 2021 – Meninas e Mulheres na Ciência. Para que a ideia fosse colocada em prática, nove bolsistas Jovens Talentos, entre alunos da ETEAB e do Instituto de Educação do Rio de Janeiro (Iserj), realizaram encontros com estudantes da Faetec e em mais duas unidades federais. Durante as reuniões, foram aplicadas técnicas de relaxamento e atividades envolvendo artes e jogos. Em 2023, 13 alunos com alta e extrema ansiedade matemática foram atendidos pelo projeto. A expectativa da professora é de que o projeto seja implementado nas escolas da Rede no futuro próximo.
 
Thayna Victoria da Silva Oliveira é aluna do 7° período do curso de Pedagogia do Iserj. Ela foi uma das alunas que participou do projeto no último ano como bolsista Faperj e contou que atuar ao lado de Telma ajudando alunos foi uma experiência enriquecedora. “Participar do projeto foi uma experiência muito gratificante, sendo aluna de pedagogia pude estudar e entender inovações necessárias para a Educação brasileira. Durante o projeto, buscamos desenvolver um autocontrole nos alunos para que eles conseguissem entender suas emoções e assim melhorassem hábitos de estudos e sua relação com a matemática”.

Com assessoria

Wagner Sales – Editor de Conteúdo

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