Brasília (BSB) – Em nota divulgada pelo Itamaraty neste sábado (9/11), o Governo brasileiro disse que acompanha, com preocupação, a escalada de violência nos confrontos entre forças de segurança e manifestantes em Moçambique, desde a divulgação dos resultados eleitorais.
Forças de segurança e manifestantes contrários ao resultado das eleições realizadas no início de outubro têm se enfrentado no país africano, e há registro de mortes e dezenas de feridos.
“Ao recordar o direito à liberdade de reunião e de manifestação, o Brasil exorta as partes à contenção, de forma a assegurar o exercício pacífico da cidadania no quadro democrático”, diz o governo brasileiro.
Vencedor
A Comissão Nacional de Eleições declarou vencedor Daniel Chapo, da frente de libertação de Moçambique (Frelimo), partido do atual presidente, Filipe Nyusi.
Manifestantes apoiadores de Venâncio Mondlane, do partido Povo Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), contestam o resultado, e o candidato se declara vencedor do pleito.
De acordo com a Agência de Informações de Moçambique, o Hospital Central de Maputo (HCM), na capital do país, registrou três óbitos e 66 feridos após o protesto da última quinta-feira.
Ainda na última quinta-feira (08/11), Filipe Nyusi visitou os feridos das manifestações que se encontram internados no MCM.
“A minha grande preocupação imediata foi ir ver os feridos. Então fui ao Hospital Central onde estão jovens feridos que estiveram envolvidos na manifestação, considerada violenta”, disse Nyusi.
Alguns dos jovens feridos são vendedores, pedreiros ou desempregados.
“Conversei com eles pois ia lá mais para me solidarizar. Na mesma enfermaria de Ortopedia encontrei também um membro da polícia. Ele sofreu muito com alguma gravidade no pé. Fez a primeira cirurgia de resolução e depois vai fazer a segunda de desestabilização”, acrescentou Nyusi.
Solidariedade
O presidente insistiu que se deslocou ao hospital para manifestar a sua solidariedade com os jovens feridos e não para fazer um julgamento porque esse é um papel que cabe as autoridades.
Depois do HCM, o chefe de Estado deslocou-se ao centro comercial Shoprite para se inteirar da destruição causada por actos de vandalismo.
“É aqui onde a mensagem da violência se reflecte”, disse Nyusi, explicando que mesmo que alguém queira distorcer os acontecimentos as imagens falam por si.
Ele disse que também tem conhecimento do desfile de alguns comerciantes.
Reconheceu a pertinência das suas reclamações, embora sejam de natureza diferente. Por isso, acredita que as suas preocupações deveriam ser apresentadas em outro momento. O chefe de Estado advertiu que existe um risco latente de as pessoas que vandalizam as lojas para se apossarem de produtos diversos voltarem para tentar pilhar mais uma vez.
“Depois de acabarem os produtos que conseguiram vender ou aquilo que consomem vão voltar para pilhar novamente”, afirmou.
Nyusi disse estar a par da impaciência dos cidadãos para que a vida retoma a normalidade.
Contudo, afirma não fazer muito sentido expressar a sua opinião ou do governo sobre as eleições para não influenciar as decisões do Conselho Constitucional, caso contrário Moçambique deixaria de ser um Estado democrático.
Com informações de Agência Brasil / Agência de Informações de Moçambique
Wagner Sales – Editor de conteúdo