Brasília (BSB) – A Região Norte do País, castigada por um período de seca extrema, contará com 150 purificadores de água portáteis. O presidente Lula fez o anúncio em visita a uma comunidade indígena da região de Manaquiri (AM), acompanhado do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e outros ministros, nessa terça-feira (10/9).
Os purificadores foram doados por empresas privadas e produzidos pela startup paulista PWTech, como parte do esforço do Governo Federal para ajudar os estados afetados. Transportados pela Força Aérea Brasileira (FAB), os purificadores foram para o município de Manaus (AM) inicialmente.
Água não potável
“Eu conheço o sofrimento das pessoas e sei o que a água não potável pode fazer com a saúde das crianças, mulheres e homens. Hoje, trouxemos purificadores de São Paulo para serem distribuídos nas comunidades, facilitando a distribuição de água limpa para até cinco mil pessoas em 24h”, disse o presidente Lula.
“A falta de água potável é um grande problema diante do cenário de seca extrema. Com esses purificadores, moradores das regiões afetadas terão água de qualidade”, acrescentou Waldez Góes.
A seca severa prejudica a logística do transporte de água para os municípios afetados pelo desastre, problema que será amenizado com as doações. Os purificadores possuem tecnologia avançada, 100% brasileira, eficiente e de fácil manuseio. Cada unidade consegue purificar mais de cinco mil litros de água por dia, o que vai ajudar no abastecimento.
Os mesmos modelos de purificadores também foram usados para atender a população gaúcha atingida pelas enchentes no fim de abril. Apenas o Rio Grande do Sul recebeu 220 equipamentos nos últimos quatro meses.
Os purificadores portáteis custam em torno de R$ 18 mil e são similares a uma caixa pequena. O equipamento tem menos de um metro de largura, 43 centímetros de altura e pesa aproximadamente 18 quilos, permitindo que seja usado em áreas mais remotas.
Os purificadores funcionam com energia elétrica, placa voltaica, bateria e geradores e conseguem filtrar cerca de cinco a dez mil litros de água doce contaminada por dia ou quatro litros por minuto.
A purificação funciona da mesma forma que uma estação de tratamento: a água contaminada passa pelo tratamento com cloro, depois por filtros que removem partículas e, por fim, vai para membranas de ultrafiltração. Essa membrana tem filamentos internos com capilaridade tão pequena que reduz em 99,5% a presença de partículas e elimina 100% de vírus e bactérias que podem estar presentes.
Diálogo
O presidente Lula e a comitiva de ministros que viajaram até o Amazonas escutaram moradores para entender quais são as demandas mais urgentes na região. A coordenadora das Mulheres Protagonistas, Zila Silva de Castro, relatou que, com a estiagem, a comunidade local está enfrentando dificuldades para ter acesso à educação, problema que, segundo ela, afeta principalmente as crianças e os jovens da região.
“Temos educação na nossa casa, mas precisamos de uma educação formal. E, como todo mundo pode ver, a estiagem está impactando muito nossas vidas, as nossas crianças. Tem comunidade que já parou as aulas. As crianças não têm mais como irem à escola, nem de canoinha. E outro problema é também em relação à embarcação. As nossas vias são os rios e os nossos carros, as nossas motos, são canoas”, contou.
Dorimar da Silva Rodrigues, representante da Comunidade Campo Novo, destacou, em seu diálogo com a comitiva do Governo Federal, que a população de Alvarães necessita de uma unidade local para atendimento à saúde dos moradores. “As comunidades são muito longe daqui da área. Temos ambulâncias em Alvarães, mas não temos médicos que façam atendimento neste território aqui. A gente debatia no encontro das mulheres, melhoria da saúde do corpo e da mente. Cadê o médico que vem para cuidar da saúde da mulher? A mulher tem que se deslocar daqui, rebocando os filhos daqui no lago, que é muito perigoso para chegar”, relatou.
A partir dos apontamentos dos moradores, o presidente afirmou que vai discutir as demandas da população com os ministros para buscar soluções o mais rapidamente possível. “Eu trouxe os ministros aqui porque o povo pobre desse país é invisível aos olhos de muitas autoridades. Mas quem precisa do governo é o povo pobre desse país. É para essa gente que nós precisamos dedicar grande parte dos recursos que o Estado arrecada para que a gente possa melhorar a vida das pessoas”, pontuou.
Lula assegurou ainda que o Governo Federal vai trabalhar em conjunto com o governo estadual para que as políticas públicas sejam de fato implementadas na região. “Eu poderia falar com o governador, falar com o prefeito, mas eu vim aqui para poder olhar na cara de vocês. Porque aquilo que os olhos não veem, o coração não sente. E eu vim para sentir o drama de vocês”, disse.
Rodovia
Durante a visita, Lula anunciou ainda que vai definir uma política de atuação no estado do Amazonas e que quer fazer uma parceria com o estado para a retomada da construção da BR-319. “Nós queremos pactuar com o estado, nós vamos discutir a BR-319, uma estrada olhada pelo mundo. Porque nós temos consciência que quando o rio estava na metade, cheio, a rodovia não tinha a importância que tem quando o rio Madeira está vazio. E nós não podemos deixar suas capitais isoladas. Nós vamos fazer isso com a maior responsabilidade e queremos construir uma parceria de verdade”, disse.
O presidente reforçou o empenho do Governo Federal contra o desmatamento e a grilagem de terra próximo à rodovia. “Nós queremos utilizar a Amazônia não como um santuário da humanidade, mas como patrimônio soberano desse país, e estudar a riqueza da biodiversidade para saber se a gente consegue fazer com que o povo indígena viva e ganhe dinheiro por conta da preservação”, frisou.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, enfatizou a importância da política de desmatamento zero e a necessidade de trabalho constante para evitar que a temperatura da Terra aumente. “A cada ano é mais seca, mais chuva, muito rápido e depois a água vai embora e isso tende a se agravar. Portanto, essas comunidades são as maiores aliadas do combate à mudança do clima pelo estilo de vida que têm. As políticas de emergência são lideradas pelo ministro Waldez [Góes], mas o presidente está trabalhando também em políticas estruturantes para que a gente tenha um plano de emergência climática, para que a gente tenha mecanismos constantes de evitar que a floresta seja destruída”, finalizou.
Com informações da agência Gov
Wagner Sales – Editor de conteúdo