Quinze pessoas foram presas durante operação de combate a um esquema de comercialização ilegal de anabolizantes, sem autorização ou fiscalização de órgãos de vigilância sanitária. A Operação Kairós, deflagrada nesta terça-feira (14/01), é resultado de denúncia do Grupo de Atuação Especializada no combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (GAECO/MPRJ) à Justiça contra 23 pessoas pelos crimes de associação criminosa, falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais e crimes contra as relações de consumo. Durante a operação também foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão.
Os mandados obtidos pelo GAECO/MPRJ junto à 5ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo foram cumpridos em endereços localizados na Capital (Irajá, Vicente de Carvalho, Guadalupe, Méier e Olaria) e mais três municípios: Niterói, São Gonçalo, e Maricá. Também havia um mandado de busca e apreensão no Distrito Federal, onde eram fornecidas as embalagens dos produtos. O GAECO/MPRJ também obteve ordem judicial de bloqueio de R$ 82.062.506,00 da conta dos denunciados.
Venda de anabolizantes
As investigações do GAECO/MPRJ identificaram as marcas Next Pharmaceutic, Thunder e Plus Suplementos como parte do conglomerado envolvido na venda de anabolizantes. Segundo os promotores, os criminosos vendiam, expunham à venda e distribuíam produtos sem registro no órgão de vigilância sanitária competente, de procedência desconhecida e adquiridos de empresas sem autorização das autoridades sanitárias. Os produtos eram promovidos e comercializados por meio de sites e redes sociais, sem informações sobre os riscos à saúde, induzindo os consumidores a comportamentos prejudiciais.
As investigações começaram em meados de 2024, a partir de postagens identificadas pelo setor de Segurança dos Correios e comunicadas à Delegacia de Crimes Contra o Consumidor (DECON). Estima-se que, desde o início das investigações, tenham sido apreendidos 1.150 frascos contendo substâncias anabolizantes e que o grupo criminoso movimentou mais de R$ 82 milhões no período. O GAECO/MPRJ ressalta que, apesar de expressivo, o número de encomendas identificadas e retidas pelos Correios representa apenas cerca de 10% do total efetivamente distribuído pelo grupo. Os denunciados comercializavam as substâncias para clientes localizados em 26 estados brasileiros
Entre os presos, está o chefe da quadrilha, Miguel Barbosa de Souza Costa Júnior, conhecido como Boss. Ele foi encontrado em um imóvel de alto padrão, em São Gonçalo. Imagens da TV Globo registraram placas com frases ameaçadoras na residência do criminoso, como “Propriedade particular. Invasores serão alvejados. Sobreviventes serão alvejados novamente” e “Atenção. Da cerca pra dentro agimos igual ao STF. Acusamos, julgamos e executamos a pena!”.
Com Boss, foram apreendidos três pistolas, uma escopeta e munições. A mulher dele, conhecida como Capitã e líder do grupo, também foi detida no local. Um outro chefe da organização criminosa, que é responsável pela marca Thunder, está em um navio de cruzeiro e os agentes realizam diligência para conseguir prendê-lo.
As investigações descobriram que os anabolizantes eram vendidos em sites e nas redes sociais. Apesar dos preços variarem de acordo com os componentes, os produtos eram comercializados abaixo do preço de mercado. A Polícia Civil identificou que para maximizar as vendas, o grupo também patrocinava grandes eventos de fisiculturismo e atletas profissionais, além de pagar influenciadores digitais para alavancar as vendas, que chegavam a receber mais de R$ 10 mil mensais para promoção da marca.
No decorrer da investigação, a Polícia Civil identificou, com vendas em plataformas online e redes sociais, uma movimentação de mais de R$ 80 milhões pelas contas bancárias de alguns dos investigados. Ainda neste período, foram apreendidas mais de 2 mil substâncias ilícitas que seriam remetidas, gerando um prejuízo de mais de R$ 500 mil ao grupo criminoso.
Com informações de assessoria / O Dia
Wagner Sales – Editor de conteúdo