Quatro mil detentos fugiram de duas prisões em Porto Príncipe. Foto: Vatican News.

Haiti vive Estado de Emergência

Porto Príncipe (HT) – Médicos Sem Fronteiras (MSF) está ampliando suas atividades médicas em Porto Príncipe, Haiti, para atender o crescente número de pessoas feridas no caos que eclodiu na capital do país desde 28 de fevereiro, quando foi anunciado que as eleições gerais poderiam ser adiadas até agosto de 2025.

A violência assumiu uma nova dimensão desde o fim de semana passada, causando uma explosão no número de vítimas e desencadeando a declaração do estado de emergência pelo governo. Diante desta deterioração ainda maior da situação de segurança, o número de feridos – muitos deles mulheres, crianças e idosos – que necessitam de tratamento das equipes de MSF aumentou acentuadamente.

“Os 50 leitos do nosso hospital em Tabarre estão todos ocupados desde o início de fevereiro, mas no dia 28 de fevereiro a situação piorou e tivemos que aumentar a capacidade de leitos para 75”, disse Mumuza Muhindo Musubaho, coordenador do projeto de MSF. “Recebemos em média de cinco a dez novos casos por dia e estamos trabalhando no limite da nossa capacidade”.

Reabertura de centro de emergência

Enquanto vários hospitais locais pararam de funcionar, MSF reabriu o seu centro de emergência no distrito de Turgeau, duas semanas antes do previsto, a fim de aumentar as suas atividades médicas e reduzir a pressão nas instalações existentes na região. No dia 4 de março, a organização também inaugurou seu novo hospital para feridos em Carrefour com sala de cirurgia e 25 leitos. Atualmente, MSF está procurando por mais hospitais onde seja possível trabalhar em diferentes áreas de Porto Príncipe, já que a insegurança e os bloqueios improvisados nas estradas impedem que as ambulâncias transportem os pacientes.

Milhares de pessoas fugiram de suas casas nos últimos dias devido a confrontos em seus bairros, enquanto as crescentes tensões levaram a organização a suspender temporariamente suas clínicas móveis em vários locais. A insegurança em Porto Príncipe também contribuiu para um aumento da violência sexual nos últimos anos, e as equipes de MSF temem que esses números cresçam ainda mais à medida que o número de pessoas deslocadas continua a subir. No ano passado, prestamos cuidados a mais de 4 mil sobreviventes de violência sexual.

Muitas partes da cidade estão vivendo uma situação de falta de segurança e extrema violência, o que é o culminar de uma crise política, econômica e social que assola o país desde o assassinato do seu ex-presidente Jovenel Moïse em 2021. O principal porto do país é atualmente de difícil acesso devido à tensão e à insegurança na maior parte da cidade. O aeroporto internacional também está fechado há vários dias.

Gangues armadas

A jornalista Silvia Giovanrosa, do Vatican News, relata as violências e os confrontos realizados por gangues armadas que parecem controlar uma grande parte do país. Na noite entre sexta-feira, 1º e sábado, 2 de março, pelo menos uma dúzia de pessoas morreu durante um ataque de gangues armadas a duas prisões em  “quer libertar o país com armas e com o povo” e assumiu a liderança em uma grande mobilização contra o governo.

Há muito tempo o país está mergulhado na violência, devido às ações de gangues criminosas que controlam áreas importantes da capital e das principais cidades haitianas. De acordo com a ONU, essa situação causou cerca de 5 mil mortes somente em 2023. Os protestos, em particular, são dirigidos contra o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, que é acusado de não ter organizado eleições no ano passado, conforme prometido. A oposição está exigindo sua renúncia, como estipulado no acordo assinado em 21 de dezembro de 2022. Os protestos se intensificaram após a visita do primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, ao Quênia, de onde se espera a partida de uma missão da ONU para restaurar a segurança no território.

Há algum tempo, a situação no Haiti está à deriva. As gangues criminosas controlam efetivamente o porto, a capital e a fronteira. A população vive constantemente em condições de extrema pobreza e insegurança. O vazio legislativo no país não apenas alimenta a violência contínua, mas não permite a intervenção em favor dos civis, que são forçados a viver com o terror de ataques criminosos e em condições desumanas, especialmente em termos de alimentação e saúde. Em outubro do ano passado, o país foi devastado por uma nova onda de casos de cólera, e a falha dos serviços de limpeza fez com que a epidemia recrudescesse. Para lidar com a deterioração da situação, em 2 de outubro de 2023, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma missão internacional para apoiar o governo haitiano, cuja chegada ainda é aguardada.

 

Com informações de assessoria / MSF / Vatican News

Wagner Sales – Editor de conteúdo

 

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