Em 9 de julho de 1932, o estado de São Paulo iniciava um levante contra o então Governo Provisório de Getúlio Vargas. Uma das reivindicações era a criação de uma nova Constituição para o Brasil.
O levante foi ocasionado pelo descontentamento do povo com o rumo que o país tomava após a Revolução de 1930, pois no poder, Vargas acumulava poderes desenfreadamente. Tais como anular a Constituição de 1891, fechar o Congresso Nacional e cassar os títulos dos governadores, colocando no lugar pessoas de sua confiança.
Com o livre-arbítrio caminhando para ser extinto no Brasil, o movimento antigoverno ganhou força principalmente em São Paulo, onde manifestações começaram a ocorrer com certa frequência. Foi em uma dessas passeatas, em 23 de maio de 1932, que quatro estudantes morreram pelas mãos de autoridades leais a Vargas. As vítimas eram Mário Martins Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade.
A revolta pelo acontecido desencadeou a criação do movimento MMDC (nomeado a partir das iniciais de nomes e sobrenomes dos rapazes mortos). Era aí que se iniciava oficialmente a Revolução Constitucionalista.A intensa guerra entre São Paulo e o governo terminou quatro meses depois, com os paulistas se rendendo, derrotados. Oficialmente, 934 pessoas perderam suas vidas no levante, enquanto os líderes do movimento sofreram deportações para Portugal
No total, foram três meses de conflito até 4 de outubro. Apesar da derrota do movimento, algumas de suas principais reivindicações foram obtidas posteriormente. Como a convocação de uma Assembleia Constituinte e a promulgação de uma nova Constituição em 1934.
Em outras palavras, podemos dizer que São Paulo considera a Revolução Constitucionalista muito mais que “o feriado de 9 de julho”: é o maior movimento cívico da história dos paulistas, uma lembrança de que o povo unido sempre deve prevalecer.
Me faz lembrar as tardes na casa da vó Virgilina, eram sempre especiais. Enquanto o cheiro do café fresco invadia a sala, ela se acomodava em sua poltrona favorita e começava a contar suas histórias, como se fosse uma guardiã de memórias e tradições. Mas era quando o assunto se voltava para a Revolução de 1932 que os olhos da vó brilhavam e sua voz ganhava um tom de nostalgia e emoção.
Era como se, ao relembrar aqueles eventos marcantes da história do Brasil, a vó Virgilina se transportasse para um tempo distante, mas ainda tão presente em suas lembranças. Ela contava sobre os dias difíceis da Revolução de 1932, em Lorena interior de São Paulo sua cidade, da guerra civil que dividiu São Paulo e o país, das lutas e dos sacrifícios dos paulistas em defesa de seus ideais e de sua autonomia.
Enquanto ouvíamos atentamente suas palavras, éramos transportados para aquela época turbulenta e conturbada, onde os ideais de liberdade, justiça e democracia se chocavam com interesses políticos e econômicos. A vó Virgilina nos contava sobre a coragem dos jovens soldados, dos civis que se juntaram à luta, das mulheres que deixaram seus lares para apoiar os combatentes.
Nas histórias da vó, os personagens ganhavam vida, as batalhas eram narradas com detalhes vívidos, os momentos de heroísmo e sacrifício emocionavam a todos nós. Ela nos mostrava que a Revolução de 1932 não era apenas um capítulo da história do Brasil, mas uma saga de resistência e determinação, um exemplo de bravura e patriotismo que ecoava até os dias atuais.
Era como se, ao contar aquelas histórias, a vó Virgilina estivesse passando adiante um legado valioso, uma herança de lutas e conquistas que precisava ser lembrada e celebrada. Ela nos ensinava que a história não é apenas um conjunto de datas e eventos, mas sim uma narrativa viva e pulsante, cheia de lições e significados que moldam nossa identidade e nossa trajetória.
Nas noites em que a vó Virgilina contava as histórias da Revolução de 1932, éramos transportados para um mundo de coragem, de esperança, de sacrifício. Suas palavras ressoavam em nossos corações, lembrando-nos da importância de honrar o passado, de aprender com os erros e acertos daqueles que vieram antes de nós, e de seguir em frente com determinação e amor pela nossa pátria. E assim, ao som da voz suave da vó, nos tornávamos parte daquela história, guardiões de suas memórias e herdeiros de seus ensinamentos.
Denílson Costa