Por: Jorge Eduardo Magalhães
São treze horas e cinquenta e cinco minutos. Faltam cinco minutos para começar o horário de visita, que dura cerca de uma hora. Estou mal, nesta enfermaria coletiva de um hospital público. Aqui faltam medicamentos e até esparadrapos, embora a equipe sempre tenha boa vontade.
Ontem ninguém veio me visitar, nem anteontem. Tomara que hoje seja diferente, afinal de contas, sempre tive tantos amigos, quando sempre fazia festas em meu apartamento, que perdi na hipoteca, regadas de champanhe e um fino buffet, a casa vivia repleta de pessoas.
Já tive bastante dinheiro, uma verdadeira fortuna, mas não apliquei nem investi em nada. Resolvi viver a vida, gastar com festas, carros importados e belas mulheres. Acho que valeu a pena, pois aproveitei muito, vivi de forma intensa, cada segundo de minha trajetória.
Hoje, não tenho mais nada na vida, nem um imóvel que seja meu; por isso, estou em uma enfermaria de um hospital público. Não reclamo, pois vivi intensamente e creio que não me resta muito tempo. Sinto-me cada vez mais debilitado, mas vivi o que tinha que viver.
Quatorze horas, os amigos e familiares estão entrando para visitar os pacientes. Será que alguém veio me ver? Creio que não. Amanhã deve vir.
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Um infeliz destino!
Na vida apenas temos o hoje. O ontem passou, o amanhã não o temos. Então acredito que temos que viver o hoje sim, mas com a perspectiva de que poderemos ter um amanhã.
Me lembrou o Guinle, tinha tudo depois morou de favor.