"Toda a nossa história, enquanto partido, é uma história de mudança e transformação. É uma história de transição entre a nova geração e a antiga geração. O importante é tu seres leal com o partido, independentemente do cargo ou função"., diz João Pinto. Foto: António Rodrigues.

João Lourenço afasta opositores do bureau político do MPLA

Luanda (AO) – O MPLA marcou a semana política nacional com a realização do seu VIIIº Congresso Extraordinário nos dias 16 e 17 em Luanda para debater e aprovar a tese “MPLA – Da Independência aos Nossos Dias – Os Desafios do Futuro”, bem como ajustar os Estatutos do Partido, com foco no artigo 120º sobre a Designação do Candidato a Presidente da República e vice-Presidente da República.

De acordo com a redação anterior dos Estatutos do MPLA, o artigo 120º definia que o presidente do partido devia ser o candidato a Presidente da República, porquanto o candidato a vice-Presidente da República seria o segundo candidato da lista pelo círculo nacional. O ajuste ao mesmo artigo estabelece agora que, o presidente do partido só será candidato à Presidência da República nas Eleiçoes Gerais de 2027, se for a decisão do Comité Central.

Resolução Geral

A Resolução Geral lida na cerimónia de encerramento do congresso lida pelo secretário para as Relações Internacionais do Bureau Político do MPLA, Manuel Augusto, justifica que o VIIIº Congresso Extraordinário visou “harmonizar as diferentes disposições, visando a adequação e equilíbrio sistemático dos estatutos, assegurar que as disposições estatutárias não se constituam num elemento condicionador da estratégia política eleitoral do MPLA para os desafios que o futuro reserva ao nosso partido”, e conformar a estrutura do partido com a nova divisão político administrativa, para garantir a harmonia funcional no contexto das novas circunscrições territoriais, e proporcionar uma melhor clarificação às competências e mandatos dos órgãos intermédios.

Analistas denunciam trama interna

Para analistas políticos nacionais, o VIIIº Congresso Extraordinário do MPLA esteve longe de demonstrar que o MPLA acompanha e permanentemente se adapta à dinâmica da própria vida interna do partido, da sociedade e da conjuntura internacional como procurou justificar João Lourenço durante o seu discurso de abertura (segunda-feira, 16 de dezembro). “As trocas não têm tanto a ver com o rejuvenescimento do Bureau Político. Seriam mais uma jogada no xadrez interno, afastando algumas figuras de proa dos órgãos de decisão e reforçando a posição de João Lourenço”, observou o analista político Manuel Cangundo.

“Não podíamos encarar este ato de outra forma senão como uma forma de retaliação, um castigo, um fechar de portas”. “É uma forma de isolar todas as pessoas que pensam diferente para uma zona completamente desconfortável para elas, deixando-as sem poder de influência”, observou o analista político.

Político rebate analistas

“Toda a nossa história, enquanto partido, é uma história de mudança e transformação. É uma história de transição entre a nova geração e a antiga geração. O importante é tu seres leal com o partido, independentemente do cargo ou função”. Diz o político João Pinto, que durante 14 anos representou os camaradas na Assembleia Nacional como deputado e Presidente da Bancada Parlamentar. Ele reagiu as observações de analistas políticos nacionais que consideram as alterações na composição do Bureau Político “uma jogada no xadrez interno dos camaradas para afastar algumas figuras de proa dos órgãos de decisão e reforçar a posição de João Lourenço cuja intenção passa por forçar a sua permanência no partido e indicar para a sua sucessão na Presidência da República alguém que governe o país sob o seu total comando”.

João Pinto considera histórico para todos os quadros e dirigentes do partido para os quais exortou que a “honra e a dignidade de um militante nem sempre tem haver com o exercício de funções, mas com o seu papel moral em determinado contexto”, dando como exemplo figuras como “o general Ndalo que não é membro do Bureau Político hoje. Figuras como por exemplo Dino Matross, que pertence a primeira geração que é a luta de libertação nacional, figuras que estiveram no processo 50 o mais Amorim, o mais velho Diogo Ventura, contemporâneo dos meus familiares em Malanje onde trabalhou como enfermeiro”.

“Para dizer que toda a nossa história, enquanto partido, é uma história de mudança, transformação, é uma história de transição entre a nova geração e a antiga geração. O importante é tu seres leal com o partido, independentemente do cargo ou a função”, disse o político, fazendo referência aos militantes afastados do Bureau e aos que não foram integrados neste principal órgão de decisão da legenda.

“Eu fui deputado durante 14 anos, era o rosto do parlamento e não tomei posse enquanto deputado”. “Em política as mudanças são normais, as pessoas não devem sentir-se apenas patriotas, os militantes que exercem funções de destaque, as pessoas são servidores do partido”.

“Se você é militante do partido e exerce uma função agradece. Exerce com a nobreza necessária, mas não é perene”, concluiu o político saindo em defesa da sua dama diante das observações críticas de analistas políticos nacionais face às conclusões saídas do VIIIº Congresso Extraordinário do MPLA realizado em Luanda de 16 a 17 deste mês.

 

Com informações de Geraldo José Letras (correspondente em Angola)

Wagner Sales – Editor de conteúdo

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