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O presidente Lula teve um almoço de trabalho neste domingo (8), em Mônaco, com o presidente do Conselho Europeu, o português António Costa. Na pauta, o líder brasileiro reforçou sua convicção de que o Acordo Mercosul-União Europeia pode ser assinado até o fim do ano, durante a presidência brasileira do bloco, que começa em julho.
Reforço ao Multilateralismo e Esclarecimento de Divergências
Em postagem nas redes sociais, Lula afirmou ser “essencial fazer um esforço de esclarecimento sobre a total compatibilidade desse acordo com os interesses das duas partes do ponto de vista ambiental, comercial e estratégico”. Ele destacou que, em um cenário de ressurgimento do protecionismo, ambos concordaram sobre o papel fundamental do acordo para o multilateralismo.
Nas próximas semanas, o Brasil buscará evidenciar as convergências e complementaridades entre a agricultura brasileira e europeia, um dos pontos de divergência apontados pelos franceses. Além disso, o país focará na compatibilidade do documento com o Acordo de Paris.
O acordo entre Mercosul e União Europeia, composto por 20 capítulos e anexos, foi concluído na Cúpula do Mercosul em Montevidéu, em 6 de dezembro de 2024. Considerado o maior acordo comercial já realizado pelo bloco sul-americano, sua entrada em vigor depende de revisão legal, tradução, assinatura e ratificação final pelas instâncias de ambos os blocos.
Benefícios Econômicos e Combate às Mudanças Climáticas
A União Europeia é o segundo principal parceiro comercial do Brasil, com uma corrente de comércio de 92 bilhões de dólares em 2023. O acordo visa diversificar as parcerias comerciais do Brasil, fomentar a modernização da indústria com a integração às cadeias produtivas da UE, e dinamizar fluxos de investimentos, reforçando a posição da UE como detentora de quase metade do estoque de investimento estrangeiro direto no Brasil.
A conversa com António Costa também abordou as sinergias entre Brasil e União Europeia no combate à mudança do clima. O Brasil sediará a COP 30 em Belém, em novembro, que tem como um dos desafios concretizar os financiamentos prometidos pelos países ricos para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius.
Lula enfatizou que a Europa é um parceiro imprescindível para o sucesso da COP 30, destacando que a transição energética justa oferece oportunidades para uma nova agenda de desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável.
Agenda de Lula em Mônaco e Visita à França
Também participaram do almoço os ministros Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), além do presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago.
Mais cedo neste domingo, Lula discursou no encerramento do Fórum de Economia e Finanças Azuis, em Mônaco, evento conectado à Terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos. No contexto do Dia Mundial dos Oceanos, o presidente reforçou a necessidade de conservação e uso sustentável dos recursos marinhos, conforme o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 da Agenda 2030, alertando: “Ou agimos ou o planeta corre risco”. Antes, encontrou-se com o Príncipe de Mônaco, Alberto II.
A agenda de Lula na Europa ao longo da semana incluiu uma visita de Estado à França, resultando na assinatura de 20 acordos e no anúncio de investimentos franceses de R$ 100 bilhões no Brasil até 2030. A visita, a primeira de um chefe de Estado brasileiro à França em 13 anos, e a terceira de Lula ao país, marca uma ampla retomada das relações entre as nações, iniciada em 2023 com a visita de Macron ao Brasil.
Com informações de Agência Gov.
Wagner Sales – editor de conteúdo
Foto: Ricardo Stuckert / PR
