Georgetown (GY) – Estreitar laços, buscar investimentos e acordos em torno de prioridades comuns, deixar de virar as costas ao continente americano e se aliar em torno de entendimentos sobre as consequências das mudanças climáticas. Esses foram alguns dos pontos abordados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante participação como convidado da 46º Conferência de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (CARICOM), nesta quarta-feira (28/2), em Georgetown, capital da Guiana.
“Sabemos dos principais problemas que atingem a região: a insegurança alimentar, que ameaça metade da população caribenha, e a mudança do clima, que coloca em risco todo o planeta, sobretudo os países insulares. Quero ressaltar que esses dois problemas estão no centro dos debates travados pelo Brasil nos fóruns internacionais. Quero ressaltar, também, que esses dois problemas têm a mesma raiz: a desigualdade. Portanto, a luta contra a desigualdade é também a luta das populações caribenhas”, declarou.
Combater a desigualdade e a pobreza
Para o presidente, essa luta em comum é essencial para combater a desigualdade e a pobreza em escala global. Ele convidou os países do Caribe a se unirem à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma das ações de destaque da Presidência brasileira do G20, que vai até o fim de novembro deste ano.
“Não é possível que em um planeta que produz comida suficiente para alimentar toda a população mundial, cerca de 735 milhões de seres humanos não tenham o que comer. Não é possível que os países ricos, principais responsáveis pela crise climática, continuem descumprindo o compromisso de destinar US$ 100 bilhões anuais aos países em desenvolvimento, para o enfrentamento da mudança do clima. Não é possível que o mundo gaste por ano US$ 2,2 trilhões em armas. Todos sabemos: guerras provocam destruição, sofrimento e mortes, sobretudo de civis inocentes”, recordou Lula.
O presidente também falou da importância de ampliar a cooperação e a integração entre o Brasil e os países da região, especialmente em termos de transporte e logística. A falta de voos e vias terrestres é algo que precisa ser discutido e corrigido, segundo ele.
“Ouvi da primeira-ministra Mia Mottley que Barbados tem 27 voos semanais para o Reino Unido e para os Estados Unidos e nenhum para o Brasil. Portanto, o nosso maior obstáculo é a falta de conexões, seja por terra, por mar e pelo ar. Uma das rotas de integração e desenvolvimento prioritárias para meu governo é a do Escudo Guianense, que abrange a Guiana, o Suriname e a Venezuela. Queremos, literalmente, pavimentar nosso caminho para o Caribe. Abriremos corredores capazes de suprir as demandas de abastecimento e fortalecer a segurança alimentar da região”, explicou.
Para tratar desses assuntos, vários ministros ligados à área de infraestrutura viajaram com o presidente na delegação nacional na Guiana: Renan Filho (Transportes), Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento).
“Nossa relação pode ir além do intercâmbio de boas práticas e de atividades de capacitação. Vemos no bloco um parceiro econômico promissor e um interlocutor político estratégico. O Brasil já é o quinto maior fornecedor da CARICOM. Nossa corrente de comércio foi de US$ 2,7 bilhões no ano passado, mas já havia superado US$ 5 bilhões em 2008, o que demonstra o potencial de crescimento. A APEX identificou mais de mil oportunidades de inserção de produtos brasileiros nos países da Comunidade. Ocorre que bens e serviços não circulam onde não há vias abertas. Belém, Boa Vista e Manaus estão mais próximas do Caribe do que de outras grandes cidades brasileiras”, lembrou.
Nesta quinta (29/2), o presidente Lula tem uma reunião bilateral com o presidente da Guiana e depois viaja para Kingstown, capital de São Vicente e Granadinas, no Caribe. No dia seguinte, participa da abertura da 8ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da CELAC, a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos.
Com informações de assessoria
Wagner Sales – Editor de conteúdo