Por: Jorge Eduardo Magalhães
Maldita hora, meu amigo, que eu fui àquele orfanato, logo depois que descobrimos que não poderíamos gerar filhos. Alguém me disse uma frase de efeito, que nós não poderíamos ter filhos nossos, mas poderíamos ter filhos do coração. Quando vimos aquela criança, provavelmente levados pelo impulso, pela emoção, logo nos encantamos. Demos um jeito para que os trâmites da adoção fosse o mais rápido possível.
Agora só recebemos em troca a violência e a ingratidão. Até agredir a gente já agrediu. Não estudou, usa drogas, rouba para manter o vício. Até traficante já bateu na nossa porta para cobrar dívida com drogas. Às vezes some durante dias, andamos à sua procura pelos lugares mais sórdidos da cidade e sempre encontramos a criatura suja, vivendo como indigente, fora de si e comendo lixo. Se arrependimento matasse. Maldita hora.
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Pode acontecer algo assim na realidade. Muito triste!