Luanda (AO) – Nas ruas agitadas do 1.º de Maio, mais do que passos e palavras de ordem, ecoou a memória coletiva de décadas de luta em Angola. Marcharam operários, professores, enfermeiros, motoristas e tantos outros rostos que sustentam, dia após dia, a engrenagem de um país que nem sempre os reconhece.
Sob o sol quente ou sob a sombra da incerteza, os trabalhadores encheram as avenidas não apenas com cartazes, mas com histórias. Histórias de salários em atraso, de jornadas longas e mal remuneradas, de contratos precários e da ausência de direitos que, na teoria, constam da Constituição, mas que na prática são frequentemente ignorados.
Este 1.º de Maio não foi apenas uma celebração, mas um grito coletivo. Um lembrete de que a dignidade no trabalho não é um luxo, mas um direito. Os sindicatos, ainda que enfraquecidos pela pressão política ou pela desmobilização social, procuraram erguer a voz dos que muitas vezes são silenciados nas fábricas, nas repartições públicas e nos transportes.
Em tempos de crise económica e de promessas políticas não cumpridas, a marcha simbolizou resistência. Os trabalhadores exigiram o básico: salários que permitam viver com dignidade, segurança no emprego, acesso à saúde e à educação para seus filhos, e respeito pelas suas funções.
O país que se quer construir só será possível com justiça laboral. O progresso não pode continuar a ser medido apenas em crescimento económico, mas também na forma como trata quem o torna possível.
Nesse 1.º de Maio, os trabalhadores não pediram favores. Exigiram respeito.
Com informações de António Mbinga Cunga (correspondente em Angola)
Wagner Sales – Editor de conteúdo
Foto: Vatican News