Por: Jorge Eduardo Magalhães
Marcília gritando no porão. Como amo Marcília, mas tive que tomar esta atitude, não quero mais que ela vá embora, não sei viver sem ela.
Toda vez era a mesma coisa, quando o seu ex-namorado aparecia, ela ia embora com ele. Eu a procurava em todos os cantos e um ou dois meses depois, ela voltava para casa, magra e toda roxa de hematomas. Conversava com ela, dizia que a amava, achava que ela estava convencida de que o melhor era ficar ao meu lado e esquecer de vez aquele cafajeste.
Ela chegou a ficar quase um ano sem dar nenhum problema, uma esposa exemplar, mas quando ele apareceu, Marcília foi novamente embora com ele. Demorou, pensei que não fosse mais voltar. Seis meses depois retornou ao lar nas mesmas condições que as anteriores. Pensei em me separar de Marcília, em não a aceitar de volta, mas a amava muito para me afastar dela, não queria perdê-la. Por isso, tranquei-a no porão desta antiga casa onde vivemos, ela grita, chora. Tudo em vão, não dá para escutar nada na rua. Adaptei o porão para ela, tem um pequeno banheiro com chuveiro e tudo. Mês que vem vou climatizar o ambiente. Ela grita e diz que me odeia. Com o tempo ela vai entender que é para o seu bem, pois só quero afastá-la para sempre daquele cafajeste.
Hoje vou comprar perfumes e vestidos novos para ela.
Acessem meu blog: http://jemagalhaes.blogspot.com
Adquiram meu livro UMA JANELA PARA EUCLIDES
editorapatua.com.br/uma-janela-para-euclides-dramaturgia-de-jorge-eduardo-magalhaes/p
Muito bom! 👏👏👏👏 Tema atual e constante na sociedade!