Megaoperações Combatem Tráfico de Animais Silvestres no Brasil

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) deflagrou uma vasta operação contra o tráfico internacional de espécies silvestres e exóticas, resultando na prisão de 16 pessoas em flagrante e no resgate de mais de mil animais. A ação, realizada simultaneamente em 12 cidades do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais nesta terça-feira (17/06), contou com apoio aéreo e cumpriu 38 mandados de busca e apreensão em residências, clínicas veterinárias e cativeiros.

Os policiais civis encontraram uma variedade de animais traficados, incluindo cobras, pássaros (araras), sapos, tartarugas, macacos, axolotes (espécie ameaçada de extinção) e lagartos. Os animais resgatados que não puderem ser restituídos à natureza serão encaminhados a santuários.

A investigação, que durou dois anos, monitorou grupos virtuais com mais de 20 mil membros, usados para a venda de animais em todo o território nacional, no atacado e varejo. O delegado Guilherme Dias, responsável pela investigação, revelou que o comércio ilegal ocorre majoritariamente online, diferente dos anos anteriores.

A PCPR apurou que o grupo atuava de forma estruturada, com células em São Paulo responsáveis pela distribuição nacional, enquanto núcleos no Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais abasteciam o Sul, Sudeste e parte do Nordeste. Para o envio dos animais, os criminosos utilizavam caminhoneiros, envios postais e aplicativos de transporte. Os crimes investigados incluem tráfico de animais, maus-tratos, falsificação de documentos públicos, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Esta operação é um desdobramento de uma ação de fevereiro de 2024, que apreendeu 390 animais e prendeu nove pessoas, revelando 27 grupos de aplicativos de mensagens dedicados ao tráfico de animais, com mais de 20 mil integrantes e conexões internacionais no Paraguai e na Venezuela.

MPF Denuncia Esquema de Caça Ilegal em Reserva no Espírito Santo

Em uma ação paralela, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou sete pessoas no âmbito da Operação Aveas Corpus, da Polícia Federal (PF), que desvendou um esquema de caça e comércio ilegal de animais silvestres em uma reserva biológica no Espírito Santo. Os acusados responderão por associação criminosa, receptação qualificada e dano direto a uma unidade de conservação federal.

A investigação começou em outubro de 2020, quando ninhos de papagaio foram violados na reserva da Vale (Linhares), dentro da Reserva Biológica de Sooretama. Um agricultor, principal articulador do esquema no Espírito Santo, foi preso em flagrante com filhotes e ovos de papagaio-chauá (espécie ameaçada de extinção), sofrês e um jabuti.

O MPF aponta que o homem faz parte de uma associação criminosa focada na caça de papagaios-chauá, mas que também retirava ilegalmente outros animais como periquitos, corujas, coleirinhos, trinca-ferros, filhotes de macaco-prego e jacarés. O grupo continuou ativo mesmo após a primeira prisão do agricultor.

Dentro da organização, o agricultor coordenava a caça e a coleta, intermediando a venda. Ele contava com a ajuda de um marceneiro e de um sobrinho, que atuavam na caça, aliciamento e entregas. No Rio de Janeiro, um servidor público e sua esposa eram os principais compradores e distribuidores. O transporte ficava a cargo de outros dois homens, um deles já preso anteriormente com quase 250 papagaios.

A caça ilegal e sistemática causou danos diretos à Reserva Biológica de Sooretama, resultando na diminuição da população de espécies ameaçadas. As comunicações entre os criminosos demonstram a preocupação com a crescente dificuldade em encontrar ovos e filhotes, reflexo do declínio populacional das aves. O procurador André Pimentel Filho pediu a condenação dos acusados.

Com informações de assessoria

Wagner Sales – editor de conteúdo

Foto:  Gabriela Twardowski/PCPR