Maputo (AIM) – Os residentes de vários bairros da capital moçambicana Maputo e da província meridional de Maputo decidiram criar grupos de vigilância informais em resposta a existência de homens-catana, que estão a criar pânico no seio dos moradores.
Os referidos “homens-catana” estão supostamente entre os mais de 1.500 reclusos que fugiram das prisões Central e de Alta Segurança de Maputo na quarta-feira, alegadamente armados com facas e invadem as casas dos residentes de Maputo.
Mas, a polícia que ainda está a tentar localizar os fugitivos, nega a existência de “homens-catana”.
Milícias
No entanto, o boato espalhou-se rapidamente pelos arredores de Maputo e levou à criação de milícias para perseguir os esquivos “homens-catana”.
À semelhança do tempo de partido único, há mais de 30 anos, a “vigilância popular” teve efeitos muito desagradáveis. As milícias recém-formadas interceptavam todas pessoas desconhecidas, interrogavam-nas, agrediam-nas e, em casos extremos, assassinavam-nas.
Um repórter da estação de televisão independente STV descobriu que um jovem tinha sido detido no bairro da Matola, na Machava, e interrogado. As milícias nunca o tinham visto antes – quando questionado e incapaz de responder satisfatoriamente sobre a sua identidade, a milícia acabou por espancá-lo até à morte e queimou o corpo.
Mais tarde, descobriu-se que a vítima era, de facto, um dos fugitivos da Cadeia Central de Maputo. Mas isso não justifica o seu terrível destino – afinal, nem ele, nem nenhum dos outros fugitivos, tinham sido condenados à morte.
Na sua última transmissão aos seus apoiantes, o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane afirmou que a fuga em massa foi obra da polícia, que tinha libertado criminosos potencialmente perigosos para as comunidades vizinhas.
O governo deu duas explicações contraditórias para a fuga em massa. Primeiro, a Ministra da Justiça, Helena Kida, disse aos jornalistas que a fuga foi um trabalho interno, planeado a partir do interior da prisão, e que não teve nada a ver com as manifestações e os motins dos apoiantes de Mondlane.
Mas, no dia seguinte, o Comandante Geral da Polícia, Bernadino Rafael, afirmou que foram manifestantes pró-Mondlane que invadiram a prisão e libertaram os reclusos.
No sábado, o Vice-Ministro da Justiça, Filimão Suaze, disse aos jornalistas que o governo criou uma Comissão de Inquérito sobre a fuga, mas recusou-se a indicar os seus membros.
O ministro disse que, dos 1.534 fugitivos, até agora 280 regressaram à prisão. Alguns foram recapturados, mas Suaze afirmou que muitos entregaram-se voluntariamente ou foram entregues às autoridades pelas suas famílias.
Com informações da Agência de Informação de Moçambique
Wagner Sales – Editor de conteúdo