Rio (RJ) – O trabalho dos catadores e catadoras beira a situação de escravidão em tempos modernos. Foi o que ficou claro na audiência pública realizada nesta sexta-feira, promovida pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro em seu auditório, no Centro do Rio. Do encontro, ao vivo e online, participaram representantes de todas as regionais do estado, coordenadores da Defensoria, professores de universidades públicas, autoridades ligadas aos governos federal e estadual.
Foram muitas as reclamações dos trabalhadores que representavam as cooperativas da qual fazem parte pela falta de apoio das prefeituras, valores muito baixos das remunerações e exploração da mão de obra. A reunião mostrou também que a atividade tem o predomínio do público feminino.
Prestação de serviços dos catadores
O Defensor Público da União, Cláudio Santos, falou do pagamento pela prestação de serviços dos catadores que deveria acontecer. Entre os quatro pontos que citou está a contribuição do setor como forma de combater os efeitos climáticos. Santos acredita que é possível a execução de uma política pró-catador e lamentou que a atividade beira ao trabalho escravo.
No encontro, a Embaixadora da Frente Parlamentar Mista da Mulher Catadora do Estado do Rio de Janeiro e presidente da CoopBrasil Recicla, Laudicea da Silva Basílio, confirmou a informação de que as mulheres são maioria no setor, mas nem por isso, recebem qualquer tipo de apoio. Ao falar do município de sua atuação, onde existe não só a cooperativa dela, como também a Recuperar, ela afirmou que o governo municipal não só ignora a atividade como implantou medidas na contramão do que dispõe a legislação que trata do setor.
Laudicea citou como exemplo a implantação de uma moeda social utilizada no pagamento dos resíduos entregues nos dois únicos ecopontos existentes na cidade, mas que ninguém sabe para onde são destinados os recursos oriundos da arrecadação. Além disso, a quem municipalidade contratou uma suposta cooperativa como sede na capital do estado isolando as existentes na cidade. Laudicea pediu a intervenção da defensoria para corrigir as distorções.
Os participantes do evento intitulado Coleta Seletiva Inclusiva, que marcou o Dia Internacional dos Catadores e Catadoras, foram convidados para a audiência pública a ser promovida no próximo dia 15, às 10h, na Câmara de Vereadores de São Gonçalo, que vai discutir a coleta de resíduos em São Gonçalo (RJ).
Com informações e edição de Wagner Sales