Por: Jorge Eduardo Magalhães
Aos poucos, os casos iam caindo no esquecimento, sem nenhuma resposta plausível ou solucionado pelas autoridades policiais; simplesmente eram negligenciados pela memória, como se nunca tivessem acontecido. Para ser sincero, não me importava com isso, queria apenas que meu jornal adquirisse cada vez mais leitores.
Naquele período, em que não acontecia nenhum crime que valesse a pena explorar, adotava a antiga técnica dos tempos áureos do Patrulha Carioca, apelando para temas sexuais, entrevistando travestis que faziam ponto na noite ou atendiam clientes em locais próprios. Fazia o mesmo com as prostitutas e, essa estratégia, pelo menos, ajudava a manter o número de assinantes.
Dois ou três meses depois da morte de Ed, ocorreu, no longínquo bairro de Sepetiba, outro crime bárbaro. O assassinato de um menino de apenas oito anos de idade em um matagal próximo à praia local: o corpo apresentava marcas de tortura e de violência sexual. A morte se deu por esganamento.
Surgiram rumores de que o responsável pelo crime foi Joãozinho de Belzebu, feiticeiro local, muito procurado por gente influente devido à suposta eficácia de seus trabalhos de magia negra. Muito temido e respeitado na região, dizia-se que aconteciam coisas macabras no terreiro do bruxo, inclusive a necessidade de se agendar uma sessão com antecedência, e dizer uma senha para participar dos rituais.
Antes mesmo de a polícia intimar Joãozinho para prestar depoimento, populares invadiram a casa onde eram realizados seus rituais e o mataram a pauladas. Os responsáveis pelo linchamento não foram identificados, e não foi provado o envolvimento do feiticeiro na morte do menino.
O jornal viveu uma de suas melhores fases justamente com a minha série de reportagens em “Crimes bárbaros”, intitulada ‘O monstro de Sepetiba’, quando criei histórias e narrativas inverídicas, utilizando a conhecida técnica de relatar as declarações de populares que preferiam manter suas identidades preservadas temendo represálias.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Muito bom, bem realista!