Por: Jorge Eduardo Magalhães
Conchita vivia ali perto, na mesma rua, em uma velha casa, daquelas em que a porta dá direto para a rua, com sua avó, Manuelita Hernandes. As duas tinham as mesmas feições, só que Manuelita, era bem mais velha e sofria de obesidade mórbida. Observando a avó, era possível prever como a neta ficaria na velhice.
A avó de Conchita era conhecida nos arredores como uma poderosa e temida feiticeira que fazia amarrações, destruía os inimigos, entre outras coisas muito mais bizarras e poderosas. Seu corpo exalava, talvez devido ao excesso de gordura, um cheiro incômodo.
Sua sala – onde abria suas consultas às pessoas que queriam “trazer de volta a pessoa amada” ou prejudicar alguém –, estava sempre na penumbra, sendo iluminada por velas que ficavam em cima de velhas cabeças de bonecas. Realmente um ambiente bem assustador, pior do que qualquer filme de terror.
Devido ao sucesso da “Rinha de Gordas” que meu jornal proporcionou, criei um vínculo de amizade com as lutadoras, principalmente com Conchita, que me levou para conhecer a sua família, composta por seu marido, cabo de polícia militar, e por sua avó.
Dona Manuelita concedeu uma entrevista para o Patrulha Carioca, em que revelava as mais loucas histórias de seus clientes, como um homossexual que queria matar sua vizinha e ficar com o marido dela, mas o tal marido era apaixonado por sua esposa e totalmente heterossexual. A feiticeira falou que seria possível fazer o que ele queria; entretanto, pagaria um preço muito caro por aquilo, pois trabalharia com divindades obscuras e tenebrosas. O cliente pareceu não se importar com as consequências e fez o trabalho assim mesmo, pegando, inclusive, empréstimo no banco para pagar a magia.
– E ele conseguiu? – perguntei.
A velha obesa fez que sim com a cabeça.
Ainda na entrevista, revelou-me que tinha o poder inclusive de fazer uma pessoa passar para o corpo de outra.
– Como assim? – perguntei.
– Tenho o poder de fazer com que a tua alma passe para o corpo de alguém que você deseje ser, mas isso também é muito perigoso, e quem faz tende a pagar um preço bem caro – revelou-me com seu portunhol.
Ficamos em silêncio durante algum tempo. Não conseguia acreditar em todos aqueles relatos tão macabros.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Bem sinistro! Muito bom!