Por: Jorge Eduardo Magalhães
– O que foi que eu fiz? – perguntei a mim mesmo.
Ao ver aquele corpo desfalecido, com os olhos arregalados e a boca escancarada, foi que me dei conta da loucura, do ato de insanidade que havia cometido. Desesperado, comecei a sacudir o corpo inerte.
– Fala comigo, meu amor! Pelo amor de Deus!
Naquele momento, pensei ter destruído três vidas, a de minha esposa, do ser em seu ventre e a minha; tive o impulso de discar para a Polícia e me entregar, conseguir um advogado, provar que aquilo tudo foi motivado por um ato de desespero, entre outros pensamentos.
Contudo, fui me acalmando aos poucos. Precisava ser frio e racional. Não poderia mais agir passionalmente. Já que havia feito a burrada, era necessário me livrar de suas consequências; até porque ela que provocara tudo aquilo, humilhando-me, traindo-me e engravidando de outro homem.
Peguei um enorme saco de lixo que, por sorte, havia comprado um lote na semana anterior para descartar um velho material de textos e papéis velhos, todos digitalizados. Assim, enrolei seu corpo nos diversos sacos plásticos e esperei o momento exato para me livrar do cadáver.
Era preciso me livrar do corpo antes que começasse a entrar em estado de decomposição e exalasse o mau cheiro. O universo conspirava a meu favor: caiu uma tempestade que ocasionou uma queda de luz. Aproveitei a escuridão do prédio e das câmeras de segurança estarem desligadas para colocar o corpo na mala do carro. O sacrifício foi arrastar o corpo pelas escadas até a garagem, torcendo para não me encontrar com ninguém no caminho.
Finalmente, sem ser visto, consegui colocar o corpo na mala do carro e dirigi-me até um sítio que tínhamos, em uma cidade a poucos quilômetros do Rio – não revelarei o local exato –, e enterrei o seu corpo em uma mata, que fazia parte da propriedade. Dormi lá naquela noite, tendo pesadelos.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Muito louco! Texto bem dinâmico!👏👏👏👏👏
Essa maneira de narrativa é bastante instigante.
Cria no leitor uma necessidade de continuidade!
Estou gostando desse quebra cabeça!
A narrativa é semelhante à das radionovelaa que ouviamos quando criança no Radio. Muito boa.