O ANJO EPISTOLAR: CAPÍTULO 20 – Uma imagem do passado

Por: Jorge Eduardo Magalhães

Já estava anoitecendo. Andava pelas ruas para tentar aliviar minha tensão. Observava o movimento e as pessoas nos bares. O bairro da Glória já não era o mesmo. Recordei-me dos tempos em que o Patrulha Carioca, ainda como jornal impresso, era referência no jornalismo sensacionalista e cobria a vida noturna do local, fazendo matérias com os travestis que se prostituíam na Augusto Severo, cobrindo os eventos e divulgando a programação do antológico Cine Afrodite.

Com o passar do tempo, os travestis foram rareando na pista. Os tempos mudaram. Com o advento da internet, agora eles fazem anúncios em portais especializados e atendem em seus próprios locais, nas proximidades. É a evolução dos tempos através do mundo digital.

Prossegui minha caminhada. Alguns ambulantes vendiam antiguidades expostas em tapetes no chão, e senti meu coração gélido quando vi um deles vendendo uma antiga edição de Um artista da fome, de Kafka. Por alguns instantes, veio a imagem de minha esposa morta. Apertei o passo.

Os mais variados pensamentos acerca da coluna sobre os futuros relatos do Anjo Epistolar voltaram. Senti fome e parei em um galeto das proximidades, daqueles que se come lado a lado em um balcão. Antes de fazer o meu pedido, bebi um chope para tentar acalmar a minha mente.

Entre uma golada e outra, fiquei tentando orquestrar um plano se caso ele não me enviasse o que havia prometido. Inventaria uma história? Não. Como poderia inventar uma narrativa, a solução para crimes que, de fato, aconteceram. Não poderia inventar culpados para casos verídicos.

Comecei a especular mesmo a hipótese de dizer que ele apenas sugeria os culpados, ou não cito nomes, como aquelas cantigas de escárnio, na época do Trovadorismo Português.

Ao olhar para o final do bar, no canto do balcão, levei um enorme susto, vi uma imagem que me deu arrepios. Não. Não poderia ser. Era a minha esposa. Estava enlouquecendo, ela havia sido morta por mim, eu mesmo enterrei o seu cadáver naquela mata de sua propriedade. Era ela.

NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.

Acessem meu blog: http://jemagalhaes.blogspot.com

 

Adquiram meu livro UMA JANELA PARA EUCLIDES

editorapatua.com.br/uma-janela-para-euclides-dramaturgia-de-jorge-eduardo-magalhaes/p

Sobre Jorge Eduardo Magalhães Jedu Magalhães

Jorge Eduardo Magalhães Jedu Magalhães

Check Also

O DOCE SABOR DA MIQUELINA: CAPÍTULO 26 – Segue o fluxo

Por: Jorge Eduardo Magalhães A equipe de filmagem, liderada por Paolo, filmava Jenifer fazendo sexo, …

One comment

  1. Avatar

    Maravilhoso… suspense total!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Sign In

Register

Reset Password

Please enter your username or email address, you will receive a link to create a new password via email.