Por: Jorge Eduardo Magalhães
Lá do fundo do balcão, ela olhava e sorria para mim. Meu coração batia forte. Criei coragem e fui me aproximando lentamente. Não. Não poderia ser ela. Embora fosse impressionante a semelhança, ela era bem mais jovem, igual à minha esposa quando nos conhecemos.
A jovem me olhava sorrindo. Bebia uma água mineral.
– Oi. – eu disse.
– Oi.
– Eu me aproximei de você porque se parece muito com alguém que conheci.
– Sério?
– Pensei que fosse ela.
– Ela quem? Me diz.
Percebi que havia falado demais.
– Um amor do passado.
– Que lindo! E vocês ficaram juntos?
– Não, foi um amor de juventude e você se parece muito com ela quando era jovem.
– Nossa! Adorei! Paga um galeto para mim?
– Claro, ia pedir um, vamos comer um. Quer um chope?
– Claro.
Pedi o galeto com farofa e fritas e mais dois chopes.
– Qual teu nome? – perguntei.
– Monalisa, mas pode me chamar de Lisa. E o teu?
Disse-lhe meu nome.
– O que você faz? – perguntei-lhe.
– Sou estudante de Letras, saí de casa, lá da Baixada Fluminense. Sabe, não dá para viver lá com a minha família que fica pegando no meu pé. E você?
– Sou jornalista.
– Nossa! Em qual jornal você trabalha?
– Faço alguns trabalhos independentes.
Não quis comentar sobre meu projeto no Patrulha Carioca.
– E onde você está morando?
– Estou dividindo um apartamento minúsculo, ali na Pedro Américo, mas nem sei como vou pagar este mês, acho que vou ter que sair de lá.
– Quanto é o valor?
Ela me disse. Por coincidência, tinha essa quantia em minha carteira. Estava tão fascinado com a sua semelhança com minha esposa que peguei o dinheiro e lhe dei.
– Te empresto.
– Jura?
– Depois você me paga.
Comemos o galeto, bebemos mais dois chopes e quando eu fui ao banheiro e voltei, ela não estava mais. Fui até à porta do restaurante, olhei para todos os cantos da rua. A sósia da minha esposa na juventude havia desaparecido.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Velho golpe do aluguel. Mas, ele merece.