Por: Jorge Eduardo Magalhães
Uma das formas que melhor me faz pensar é caminhar pelas ruas, principalmente na parte da noite. Durante o dia, ando pelo Aterro e no período noturno pelas ruas do Catete, Glória e Lapa, hábito que, de certa forma, consegue me acalmar e aguça minha mente.
Aquele repentino sucesso da coluna do Anjo Epistolar, ao mesmo tempo em que me fascinava, deixava-me assustado. De repente, a imagem de minha esposa vinha em minha mente. Lembrei-me daquele trágico dia, ela lendo Kafka, humilhando-me, e depois o seu cadáver inerte. Se ela não tivesse me rebaixado àquele ponto e acreditasse em meu sucesso, eu não teria cometido um ato tão horrível e insano e estaria ao meu lado, comemorando o êxito do meu triunfo.
Ao me recordar dela, meus olhos marejaram, quase comecei a soluçar no meio da rua, mas me contive. Precisava ser frio, racional, pois o mal já estava feito. Precisava, de certa forma, esquecê-la, eliminá-la de minha mente, assim como todas as outras pessoas fizeram.
Aos poucos, consegui controlar minhas tórridas emoções. Ainda a amava, estava viva em meu coração, mas era preciso seguir em frente, fingir que aquilo tudo nunca havia acontecido, como se fosse um terrível pesadelo e, felizmente, consegui despertar a tempo.
Respirei fundo, dei um leve sorriso e segui em frente. Minha calmaria cessou quando vi de longe aquela imagem feminina familiar: Lisa.
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