Por: Jorge Eduardo Magalhães
– Lisa! – gritei.
Fingiu que não ouviu. Tive a impressão de que apertou o passo. Também acelerei e fui atrás. Segurei de leve em seu braço.
– Oi, Lisa.
– Oi. – respondeu sem jeito.
– O que aconteceu naquele dia que você sumiu?
– Não sei o que deu em mim, estava mal comigo mesma, com a cabeça a mil.
– Mas você não precisava ter fugido de mim.
– Desculpe, estava fora de mim.
– Como você está?
– Mal. Minha mãe me ligou hoje, discutimos pelo telefone.
– Quer sentar-se em algum lugar para conversar?
– Estou precisando. Estou cansada, estou com fome.
– Vamos parar em algum local?
– Sim.
Era tarde, início de semana. Fazia frio. Os bares e restaurantes estavam fechando as portas.
– Quer ir até minha casa? Te faço um café.
– Por que você está me chamando para ir até tua casa?
– Confia em mim?
– Você me inspira confiança.
– Então vamos.
Em meu apartamento, fiz-lhe um lanche com café e biscoitos. Contou-me que sua mãe não queria que saísse de casa, pois era solteira, a vizinhança estava comentando e a mãe estava envergonhada com isso. Não acreditei que ainda existissem pessoas que pensassem daquela forma tão provinciana.
Enquanto falava, ficava contemplando a sua semelhança física, no jeito e até na voz com a minha esposa, quando ainda era jovem.
– Por que está me olhando? – perguntou.
– Já disse que me lembra alguém do passado.
Ela sorriu.
– Você é o meu anjo da guarda.
– Será?
– Sabe, gosto de homens mais velhos.
Ficamos calados durante alguns segundos nos olhando. Dormimos juntos naquela noite. Quando amanheceu e despertei, Lisa havia desaparecido.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Que mistério essa Lisa! 👏👏👏👏