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Por: Jorge Eduardo Magalhães
Fiquei intrigado com o novo desaparecimento de Lisa. Ainda verifiquei se algo no apartamento havia desaparecido. Aparentemente, estava tudo em seu devido lugar. Nada havia sido mexido. Cheguei até a verificar minha carteira, meu dinheiro e meus cartões. Tudo em ordem.
Novamente pensei em procurar Lisa, mas precisava trabalhar em meu jornal. Abri a caixa de e-mail e lá estava a “Segunda Epístola”:
Prezado Editor,
Conforme havia dito na “Primeira Epístola”, relatarei o motivo pelo qual eliminei Ed da face da terra.
Edvaldo Silva ou, simplesmente, Ed, conforme achar melhor, era natural da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. Conforme ele mesmo me relatou, desde criança apresentava trejeitos afeminados. Percebendo isso, um irmão de sua mãe agarrou-o à força e abusou dele quando tinha só quatorze anos.
Ficou com medo e vergonha de contar o acontecido, chorou em entrou em depressão; entretanto, percebi que, ao contar isso tudo, mostrava um ar de satisfação. Perguntei-lhe se, no fundo, havia gostado e ele fez que sim com a cabeça, dando um sorriso indecente. Tanto gostou que voltou outras vezes ao quarto do tio para repetir os sórdidos atos.
Nesses encontros, o tio o obrigava a se maquiar e a colocar uma peruca ruiva. Ed foi desenvolvendo um misto de ódio e desejo por aquilo, aquele contexto ao qual era submetido. O tio, enquanto praticava suas perversões, fazia com que o sobrinho se olhasse no espelho com aquela peruca.
Ainda na capital potiguar, Ed assassinou uma prostituta com os cabelos pintados de ruivo, mas as autoridades locais não deram muita importância para o caso, pois além de exercer o meretrício, a vítima também era usuária de drogas e, constantemente, roubava os clientes.
Temendo ser descoberto, veio para o Rio de Janeiro, montou o seu salão e teve um relativo sucesso na profissão. A partir disso, fez suas vítimas por aqui como forma de fetiche e para aliviar o seu trauma. A polícia não teve a sensibilidade de observar que todas as vítimas frequentavam o seu salão. É isso mesmo que você está imaginando: Ed era o maníaco das ruivas.
Na próxima epístola, relatarei, com detalhes, como eliminei para sempre o maníaco das ruivas.
Cordialmente,
O Anjo Epistolar
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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