Por: Jorge Eduardo Magalhães
Prezado Editor,
Achei interessante a polícia procurando o assassino de Ted e a série de reportagens do seu jornaleco, “Alguém corre perigo”. Sinceramente, embora o considere um canalha, sou obrigado a admitir que você é muito talentoso com as palavras. Deveria se dedicar à carreira literária.
Embora ache interessante todo esse contexto, nem a polícia nem você acertou nas investigações, nem nas especulações. Aguarde que, muito em breve, o autor do crime da sauna irá se anunciar por si só. Não demorará muito para que ele mesmo, de forma não verbal, deixe a entender o que fez.
Entretanto, deixemos por enquanto o caso da sauna gay, e vamos falar sobre os acontecimentos em Sepetiba e o crime atribuído a Joãozinho de Belzebu. Na verdade, não foi o temido feiticeiro o responsável pela morte do menino, cujo corpo apareceu nas proximidades, mas outros atos sórdidos foram cometidos por ele. Todavia, para não me estender muito, citarei apenas um: o da professora Jussara Alves da Silva.
Comoveu-me muito a sua morte, principalmente devido às circunstâncias de como aconteceu. Jussara também era uma das minha clientes ou confidentes, como você achar melhor chamar. Em nossos encontros, contava-me o martírio de ter um irmão viciado em drogas.
Jussara renunciou a se casar e a ter a sua própria família, inclusive terminando um noivado para cuidar dos pais e do irmão caçula que, como disse, entrou para o mundo das drogas. O seu irmão era como um filho para ela, e seu sonho era que ele conseguisse largar o vício e retomasse seus estudos. Para isso, foi até Sepetiba recorrer aos serviços sobrenaturais de Joãozinho de Belzebu, que prometeu curar o rapaz, alegando que o seu problema era espiritual.
Contou-me que gastou todo o seu salário e mais um pouco no trabalho que o feiticeiro disse fazer. Ao final, com o irmão se afundando ainda mais nas drogas, Joãozinho ainda lhe cobrou mais uma quantia alta. Jussara disse que não poderia lhe pagar, mesmo porque o rapaz não ficara curado. Joãozinho, imediatamente, chamou dois seguranças fortemente armados que coagiram a professora a lhe fazer a transferência, que era de suas economias.
A pobre professora me confidenciou aos prantos que todo o seu dinheiro fora embora, esse que era guardado para uma emergência em um trabalho que não havia se concretizado. Uma semana depois, Jussara cometeu suicídio. Fiquei triste com o seu ato insano. Ali, Joãozinho de Belzebu assinou sua sentença de morte. Seria eliminado da face da terra.
Cordialmente,
O Anjo Epistolar
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
Acessem meu blog: http://jemagalhaes.blogspot.com
Adquiram meu livro UMA JANELA PARA EUCLIDES
editorapatua.com.br/uma-janela-para-euclides-dramaturgia-de-jorge-eduardo-magalhaes/p
Muito chocante! Queremos mais!!