Por: Jorge Eduardo Magalhães
Marcamos naquele botequim de esquina que ele sempre parava para tomar café e que eu detestava. Gostava muito do Cardoso, era um homem íntegro, honesto; entretanto, não tinha muita criatividade nas coisas, tanto que, em sua delegacia, era responsável pelos arquivos, trabalho maçante e burocrático.
Falo de sua falta de criatividade, pois éramos amigos de anos e ele sempre levava a família aos mesmos passeios, e sempre jantava com a esposa no mesmo restaurante, e marcava comigo naquele botequim de esquina, pedindo um café que enchia de açúcar daquele açucareiro de alumínio. Era um homem de ritualísticas.
Cheguei no horário marcado e lá estava Cardoso, encostado no balcão, aguardando-me ansiosamente. Admirava a sua pontualidade.
– Você está dois minutos atrasado… – disse Cardoso, impaciente.
– Desculpe, então, o atraso.
– Sem problemas.
Meu amigo encheu seu copo de café com açúcar, bebeu quase de uma só vez.
– Mas o que você queria falar comigo com tanta urgência?
– É algo muito sério… em relação ao teu jornal.
– Como assim?
Olhou-me fixamente.
– Você quer ferrar conosco?
– Ferrar com vocês? Não entendi.
– A tua série de reportagens está passando atestado de incompetência para a polícia.
– Explique isso melhor.
– Você não percebeu que trocaram os delegados de quase todas as jurisdições?
– Eu vi e falei sobre a renovação.
– Renovação? Será que você não se deu conta de que o teu jornal está desvendando os crimes primeiro do que a polícia?
– Pensei estar colaborando para solucionar os crimes.
– Na semana passada, o secretário fez uma reunião geral para passar uma esculhambação para todos os delegados.
– Mas não sou eu quem estou desvendando, é o Anjo Epistolar que está me enviando os nomes dos culpados, e vocês estão constatando que é verdade. Descubram, então, quem é ele.
Cardoso realmente parecia preocupado.
– Nós somos amigos há anos, toma cuidado. Você está mexendo com os interesses de gente graúda, poderosa.
– Mas só queria colaborar.
– Eles sabem que somos amigos e estão me pressionando. Toma cuidado. Te avisei sobre a sina do Patrulha Carioca.
– Lá vem você de novo com essa história.
– Bem, toma cuidado que eles podem fazer algo sobre você, e até te acusarem de algo.
– Pode deixar que tomo cuidado.
Despedimo-nos e, no caminho de volta, fiquei imaginando que poderiam investigar meus atos, minha vida e acabar descobrindo o crime bárbaro que havia cometido.
Minha tensão aumentou quando entrei em meu apartamento e me deparei com Lisa na sala com algo nas mãos.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Cada vez mais envolvido na trama!