O ANJO EPISTOLAR: CAPÍTULO 51 – Supostas revelações

Por: Jorge Eduardo Magalhães

Acho que só larguei Lisa quando chegamos em meu apartamento, e foi então que percebi que havia deixado seu braço roxo, tamanha foi a força com que a segurei. A marca ficava evidente, contrastando com sua pele clara.

– Seu bruto! Você me machucou! Olha o que você fez!

– O que você quer? Me humilhar? Me expor ao ridículo!?

Lisa deu um sorriso sarcástico:

– Você já é ridículo!

Levantei a mão, ameaçando lhe dar um tapa.

– Olha que eu perco a cabeça!

Deu uma gargalhada.

– Você não é homem para isso!

– Repete, desgraçada!

– E vou te dizer mais: sabe aquele rapaz com quem dancei hoje? Pois é, naquele dia que fomos ao barzinho, trocamos um beijo naquela hora em que fui ao banheiro!

– Maldita!

– E digo mais! Já transei com ele várias vezes depois que vim morar contigo. E quando transo contigo, penso nele, igual você pensa na sua ex quando está comigo…

Dei-lhe um tapa com tanta força, que ela bateu na parede. Ficou agachada no chão, chorando com as mãos no rosto.

– Vou dar uma volta e quando voltar não quero te encontrar mais aqui. Pegue as tuas coisas e suma.

Desci e fui a um bar nas proximidades. Pedi um chope. Bebi mais uns três ou quatro. Caminhei pelas ruas do bairro. Comecei a sentir um aperto em meu coração, um arrependimento pelo meu ato. Lisa estava com raiva, ainda era muito imatura. Certamente estava com raiva, com ciúmes da minha ex, que nem sabia que estava morta. Se tivesse feito alguma coisa, foi por impulso, com certeza me amava; ou talvez estivesse mentido, nunca havia me traído.

Corri para casa na esperança de encontrar Lisa ainda arrumando as coisas ou, quem sabe, me esperando para conversarmos, para me pedir desculpas, dizendo que não havia feito nada daquilo. Nem tive coragem de perguntar ao porteiro se Lisa havia descido ou não na esperança de pueril surpresa, na expectativa de um final feliz de não a perder, tivesse me traído ou não; afinal de contas, eu a amava e sofria com a hipótese de ela ter ido embora.

Abri a porta, chamei-a, andei por todo o pequeno apartamento. Lisa não estava mais lá.

NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.

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