Por: Jorge Eduardo Magalhães
Mandei mensagem para Lisa, mas ela havia me bloqueado.
Ainda naquela noite, quase que imediatamente, saí pelas ruas à sua procura. Quase como instinto, primeiramente fui até o galeto onde a conheci. Andei pelas ruas do bairro, por todos os bares que sabia que ela gostava, até aquele da Lapa, onde ela havia demorado no banheiro.
Sabia que não seria uma boa ideia manter Lisa em meu apartamento e em minha vida, contudo, o emocional e o passional falavam mais forte. Estava viciado em nela, no seu corpo, na sua presença. Tinha noção de que aquela imagem de semelhança da minha esposa, na juventude, era um problema e, certamente, traria muitas complicações em minha vida; mas sentia a sua falta. Amava-a. Pelo menos era o que eu achava.
Prossegui a minha busca desesperada, inclusive em casas de prostituição. Em uma delas, vi uma jovem que, de costas, era idêntica a Lisa. Senti um enorme calafrio ao ver aquela imagem naquele salão mal iluminado. Seria Lisa em um local tão degradante? Quase segurei em seu braço; preferi me aproximar e verificar. Não era ela. Um sentimento dúbio brotou em mim: alívio por não estar se prostituindo.
Parei em um bar. Pedi uma cerveja e fiquei refletindo o quanto Lisa estava me fazendo mal. Havia confessado, de modo agressivo, a sua traição. E se fosse mentira? E se não tivesse feito aquilo? Não importava, de qualquer forma queria me magoar. Talvez fosse infantilidade, ciúmes da falecida. Tentava, inconscientemente, justificar seus atos e suas palavras.
Precisava, a qualquer custo, eliminar Lisa de minha mente. Fazer algo para que ela desaparecesse de minha vida para sempre, mas como era difícil. Tive o impulso de gritar bem alto o seu nome, mas me contive. Estava enlouquecendo, perdendo minha razão. Era preciso ter autocontrole.
Resolvi checar o celular para verificar se ela havia me enviado alguma mensagem. Nenhuma. Olhei também o e-mail e vi que tinha uma mensagem do Anjo Epistolar, intitulada, “Nona Epístola”.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Muito boa narrativa! Aguça a curiosidade e imaginação do leitor.
Onde estará Lisa?