Por: Jorge Eduardo Magalhães
Tirando a repercussão da coluna do Anjo Epistolar, minha vida se tornou uma verdadeira calmaria, pelo menos aparentemente. Lisa estava um doce comigo, caseira, só saía de casa para ir à faculdade (aquela que ninguém a conhecia), e sempre fazia os serviços domésticos. O sucesso do jornal era inquestionável, principalmente depois do aparecimento do Anjo Epistolar.
Entretanto, apesar de todo esse sucesso e aparente tranquilidade, ainda tinha aquela estranha sensação de que havia algo pesado na atmosfera. Parecia estar vivendo em um delírio, em um devaneio em que, a qualquer hora, algo de inesperado pudesse acontecer.
Lisa, ao mesmo tempo que me fascinava, deixava-me assustado tanto devido à sua semelhança com minha esposa quando jovem, quanto pelo seu ar misterioso, seu olhar dizendo que sabia mais do que devia. Seu jeito carinhoso e seu sorriso meigo não me convenciam.
Tinha algo a mais naquilo tudo, inclusive foi muita coincidência ela reaparecer na mesma noite em que havia recebido aquelas mensagens ameaçadoras. Pensei em pedir para Lisa ir embora, sumir da minha vida, mas logo desistia, pois se ela soubesse de algo, era melhor mantê-la por perto. Pelo menos essa era a desculpa que eu dava para mim mesmo: não tinha coragem de mandá-la embora, era louco por ela.
Olhava a toda hora meu celular para verificar se havia mais alguma mensagem ameaçadora de algum número desconhecido, mas, felizmente, não encontrei nada. Precisava me acalmar, parecia que estava paranoico com algum inimigo invisível. Era necessário superar aquela ideia fixa.
As especulações em torno da narrativa do cabo Gervásio em relação à sua obsessão pelo Dr. Paulo Alberto davam uma enorme repercussão e os leitores do Patrulha Carioca queriam saber qual a ligação de toda aquela paranoia com o caso do Monstro de Sepetiba
Entregava-me ao trabalho para amenizar meus medos. Continuava a sentir uma falsa calmaria.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Muito sinistro! Ainda acho que essa Lisa faz parte da trama.