Por: Jorge Eduardo Magalhães
Prezado Editor,
Continuando a trajetória da obsessão de Gervásio em relação ao amigo de infância (se pudermos chamar assim o breve contato que os dois tiveram quando crianças), estimulei-o a se aproximar de Conchita Hernandez e a frequentar a Rinha de Gordas.
Informei-lhe os horários da Rinha e de como se aproximar de Conchita. Sabia que, embora se fizesse de durona e procurasse manter uma postura arrogante, sabia o quanto a lutadora era carente, tanto devido à sua condição obesa quanto pelo seu olhar que contradizia tudo o que queria passar.
Sabia que não seria difícil Gervásio conquistá-la. Não porque fosse um grande sedutor, mas tinha a convicção de que, por causa do estado de carência da boliviana, o primeiro que chegasse conquistaria o seu coração. Fora que também elevaria a autoestima de Gervásio, pois seria a primeira mulher que teria sem pagar.
Conforme era previsto, Gervásio, inicialmente, apenas com o interesse de se aproximar de sua avó bruxa, ficou olhando fixamente Conchita no ringue. Ela percebeu, ficou desconcentrada e, por pouco, não perdeu a luta. Terminada a rinha, ela se aproximou de Gervásio para conversarem e, de fato, provavelmente, porque ambos eram solitários e carentes, acabaram se apaixonando.
Em poucos meses, Gervásio estava saindo de seu cafofo no longínquo subúrbio para viver com Conchita e sua avó na sinistra casa do Catumbi. Inicialmente, sentiu temor e estranhamento por causa das bonecas velhas, entre velas, mas acabou se acostumando.
Nos primeiros meses, não tivera coragem de falar com Manuelita sobre a magia para sua alma passar para o corpo de Paulo Alberto, mas sabia que seria uma questão de tempo poder colocar o meu plano em prática. Gervásio era muito fácil de ser manipulado.
Continuamos na próxima epístola.
Cordialmente,
O Anjo Epistolar
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Muito louca essa história!