O ANJO EPISTOLAR: CAPÍTULO 66 – A primeira reação da família

Por: Jorge Eduardo Magalhães

No meio da tarde, recebi uma mensagem de Cardoso, dizendo que precisava muito me encontrar. Não queria ir àquele botequim de esquina, onde ele adorava tomar café e, por isso, marquei em uma pizzaria na Rua Senador Dantas. Aliás, eu o convidei e disse que pagaria a conta, o que o animou a não me encontrar no lugar de costume.

Marcamos dentro de uma hora e, como sabia que Cardoso era pontual, procurei chegar no horário, e lá estava me esperando.

– Demorei?

– Não. Eu que cheguei antes mesmo.

– Você precisava falar comigo?

– Sim. É um assunto sério.

Pedimos uma pizza de calabresa gigante, a qual, Cardoso devorou com voracidade.

– Então, diz.

– A coluna do Anjo Epistolar está trazendo problemas.

– Já imaginava, mas diz.

– Você sabe que a família de Dr. Paulo Alberto é uma família tradicional no Rio de Janeiro?…

– Sim, eu sei.

– A família Junqueira Porto é composta por gerações de conceituados médicos. É uma família muito influente.

– Mas o que tem?

– Pois é, o pai do Dr. Paulo Alberto foi pessoalmente ao Secretário de Segurança, pedir que descobrissem a identidade do dono do Patrulha Carioca.

– Mas por que ele quer saber quem eu sou?

– Por causa das coisas que você anda escrevendo sobre o filho dele, que o Cabo Gervásio o perseguia, as especulações que os leitores estão criando.

– Mas eu só publico aquilo que o indivíduo que se intitula como o Anjo Epistolar me envia.

– Eu sei, mas o próprio Secretário enviou uma mensagem para o Titular da Delegacia, cobrando-lhe providências.

– Então por que, em vez de me investigar, não tentam descobrir a identidade do autor das epístolas?

– Concordo com você, mas sabe como são essas coisas…?

– Não, eu não sei.

– Bem, só estou te avisando como amigo. Tente dar um tempo nisso tudo.

– Não posso.

– Bem que te avisei para não ressuscitar o Patrulha Carioca.

– Lá vem você de novo com essa conversa…

– Enfim… só estou te avisando porque sou teu amigo.

Comemos o resto da pizza e nos despedimos. Fiquei refletindo acerca das superstições de Cardoso. Comecei a acreditar que tinha razão quanto à sina do jornal.

NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.

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